SORRIR. ROSNAR. MORDER.


«Claro, eu não mordo!»
Mordeduras políticas frequentes e intentadamente cerceadoras, sarjeta-ASS [punições de jornalistas, retaliações sobre jornalistas, omissões estratégicas nos convites a jornalistas para integrarem comitivas governamentais em viagens de Estado], Mordacidade jornalística natural contra os tiques tiranóides, anunciantes e 'ostensivamente aldrabões' do sr. Sócrates, amplos Anticorpos justificados pautam esta relação tempestiva e tempestuosa entre PM e profissionais dos jornais. Mas quem começou esta guerra? O homem que se serve de um jornalismo benévolo, omisso, de favor e rédea curta, hipercontrolado pelo só agora apagadíssimo ASS, um homem proprietário da RTP (como nem Santana* alguma vez sonhou), das Rádios Públicas e alvo do evidente e incansável favor/fervor dos Directores/Editoriais do JN e DN, o homem que telefonou dúzias de vezes para a Direcção de Jornais menos dóceis pressionante e impressivo, quando o assunto o arrolava em ridículos pícaros eventos sornas passados de ponderosa gravidade, o homem que vexou e atirou à rua classes profissionais com simplismos e generalidades expondo-as à opinião simplória e preconceituosa da arruaça, o homem que usou a divisão e o conflito sociais como armas de vantagem política e de capitalização de um esbulho sistémico, um homem assim só poderia querer fomentar esta guerra pessoal anti-jornalistas e logo com os capítulos picantes que se prometem vizinhos. Mimético da grisalhice capilar salazaresca. Democrata como Putin, sensível como Mugabe, desprendido como Chávez, eis Sócrates. Um estigma de intolerância inédito foi recentemente lançado de modo chavista por ele sobre a classe jornalística, excluíndo João Marcelino!, com os nove processos movidos a jornalistas e com o elenco do jornal de 6.ª da TVI como jornalismo 'travestido'. Há por isso um olhar mais increpado dos que escrevem e relatam contra um homem afinal demasiado Litigante-Lavagante para ser PM. Não admira que ocorram insólitos e imprevistos com bastante tempero, como este: «José Sócrates saíra da sala da “entrevista”, sorridente, com ar de quem passou com distinção na prova oral, e perguntou “Não foi mal, pois não?”, dobrando as folhas brancas com notas usadas nas respostas. E estava ali, a “dar sopa”, para os poucos jornalistas presentes. Uma jornalista pergunta se se pode aproximar e fazer uma pergunta. “Claro, eu não mordo”, responde Sócrates sorridente.“Não morde mas rosna. E às vezes rosna muito”, replica-lhe ela em voz alta. O primeiro-ministro fica atrapalhado, responde que não é bem assim, ainda a rir, sem saber muito bem o que fazer, mas ela insiste com o “rosnar”. Talvez pelo efeito surpresa, Sócrates nem se zangou, mas o caso cerrou alguns sobrolhos.» Insólitos, no entanto, lidos por alguns comentadores sob o prisma errado e hirto de um sacrilégio cometido contra a figura 'reverenciável' do PM. Como não há-de ser triste e deprimente um País com tais abéculas contraídas e submissas?! Entretanto, um preparado governamental de Piss and ink faz o seu caminho em Portugal.
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* «E o senhor primeiro-ministro desculpar-me-á, mas quero dizer-lho com clareza: esse episódio é um episódio indigno de um governo democrático e é um episódio inaceitável. E isso é uma nódoa que o vai perseguir, porque essa nódoa não vai ser apagada facilmente, porque é uma nódoa que fez Portugal regressar aos tempos em que havia condicionamento da liberdade de expressão. E peço-lhe, senhor primeiro-ministro: resista à tentação do controle da comunicação social. Não vá por aí, porque nós cá estaremos para evitar essas tentações.» General Pinto de Sousa, 14 Outubro 2004.

Comments

CS said…
Eu peço desculpa por vir aqui assim. Mas ontem deparei-me com isto e acho que é fundamental divulgar: http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/04/houve-ontem-quem-louvasse-o-regresso-da.html
Se ler e ficar tão indignado como eu com as ideias que andam por aí em vésperas de Abril, peço-se que faça um post com este link. Para que mais gente saiba. Estas ideias são perigosas e é bom combatê-las desde já.
Obrigado.
Um abraço,
Carlos Santos

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