UM DEUS PERORANDO PELA BRISA DA TARDE
Como aturar sobre-humanamente uma Missa do Partido Socratesco com a duração de quatro horas, sem aspersão com o hissope, sem cautelas, sem caução, sem precaução, só com comunhão civilizada (e cinzelada a cínico, contida) que uns têm e outros não?! Impossible to tell. As políticas mais selváticas traduzidas numa língua sorridente e simpática, até moderada, tipo tu-cá-tu-lá, nem parecem tão devastadoras, torturantes nem esfomeantes para quem foi devastado, torturado e esfomeado a fim de que, por fim e acima de tudo, esse sorriso resplandecesse forte, decidido, de cara lavada, com obra feita, índices certos e certificados internacionalmente. O divino messias devolvido ao seu Povo, desfilando amaneirado de Alcácer-Quibir. O corpo e a mente habituam-se à polé e ao jugo se o jugo e a polé forem vendidos com derramadas e gradativas doçuras. E esse deus perorando pela brisa da tarde na sua, muito sua e inédita, BlogConf despiu-se da superior indiferença do homem de Estado para se declarar extraordinário, supremo, reformador, patriótico, democrático, homem suficiente para olhar na face uma amostra os agentes da maledicência e do botabaixismo blogosférico. Ai dos que o não amem! Ai dos seus detractores! Esse deus que perora, um democrata!, é implacável! Menos durante a humildade da campanha e antes que obtenha acontecer-lhe ser Poder, naturalmente e de novo, porque é jovem, tem cinquenta e um anos e avôcantigasmente tem a dizer: «No meu tempo, lembro-me bem»... Como aturar sobre-humanamente mais uma Missa do Partido Socratesco?!
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António Barreto (militante do PS), artigo de opinião no Público, Janeiro de 2008