O PROPRIETÁRIO DO PARTIDO

Acabo de ler mais uma entrevista de Mário Soares, o proprietário do PS. Elas são semanais. Quantas mais entrevistas, mais desespero, menos poder efectivo na sombra de eminência pardacenta do Regime. Lê-se aquilo e fica-se com imensa piedade de qualquer um que resolva ser líder desse partido, tirando a suprema besta desavergonhada, Torpe Playboy, que fez o que bem lhe apeteceu, devastou, estropiou, e ainda se queixa da coligação negativa que o conduziu a demitir-se, após anos sob um chorrilho de críticas públicas, tsunami de detestação geral e razões fundadas para processos consecutivos numa Justiça que não fosse mero penduricalho impotente, à vez, do Partido no Poder. Todos os líderes do PS têm sido títeres de Soares, tendo o beneplácito inicial do octogenário-viciado-em-aparecer, até ao momento em que resolvam efectivamente liderar, tomar posições próprias, demasiado livres da tutela opinativa e chantagista da eminência parda Soares, formatador do Regime segundo um perfil soba do tipo venha-a-nós-sou-rei. Mesmo Passos foi acalentado e apoiado inicialmente por este Dono do Regime [há outros, como Almeida Santos, patrono de centenas de empregados no Aparelho de Estado], até ao momento em que Soares se viu ignorado ostensivamente, traído e vexado no velho vício de influenciar, pressionar, condicionar um Primeiro-Ministro de cada vez, assegurando o velho fluxo de recursos com que se paga alguma paz mediática e opiniativa para um Governo. A senecta e triste figura quixotesca soaresiana apresenta-nos um estertor em forma de gagá. Mimalho, birrento, simplista, conspirativo e completamente confuso sobre o estado geral do mundo, para quem a Austeridade não é terapia nem método, mas o próprio Mal Incarnado e os seus defensores menos que fanáticos inquisidores, Sua Alteza soaresesca simplifica simploriamente a realidade em que vivemos. Cola-se ao radicalismo mais abstruso, rejeita absurdamente compromissos, o que pode ser bom para fanáticos sanguinários, carbonários, gajos de Esquerda que escrevem dicotomicamente e com ódio, com nojo e outras visceralidades com que assassinariam levianamente o adversário de argumentos, mas não é bom para um enfrentamento inteligente da realidade complexa em que vivemos. Soares diz que adora o Papa. Eu também adoro o Papa e comovo-me muito com ele. Mas Francisco, na sua simplicidade e espontaneidade desarmantes, também denuncia a corrupção dos políticos, a malícia dos chupistas, dos abusadores de posição privilegiada, os viciados na Política-Religião, como Soares toda a vida adulta, todo ele barriga em todo o tempo, tutelar e papal no mau sentido laico e controleiro da palavra. Por que é que Soares não descansa de lutar para manter tudo o que está tal como está para si e para os seus?! Que tal deixar o País respirar, por uma vez, crescer, por uma vez, ter superavits, por uma vez, longe da tenaz corrupta que nos humilha?! Ter poder na sombra pode ser muito bonito, mas é um vício muito feio, Vossa Arqueológica. Deixe Seguro perder ou ganhar, Vossa Exma. Vampireza, deixe-o acordar ou não acordar acordos com a Direita [A Direita, ahahahahaah! Machete e Soares, Dias Loureiro e Sócrates, Almeida Santos e Oliveira e Costa são a Direita em forma de dinheiro, offshores, influência, cara de pau]! Do outro lado, o PSD não é o Demónio, Dr. Sonecas. É apenas a sede de ideias diferentes para o País das Bancarrotas e dos Faxes de Macau, dos Freeport, dos BPN, da politiquice ávida de Esquerda Impostora que estigmatiza e condena este Regime a dar ciclicamente com os burros na água. Seguro, coitado, tão tenro no posto e já condenado apenas porque V/ Vampireza Cagarreta amuou, arrufou e pigarreou desilusão. Isto admite-se?!: «Não posso negar que [Seguro] me desiludiu, principalmente com a maneira como ele me mandou dizer, por Almeida Santos, que estava magoado comigo por ter salvo alguns dos melhores militantes do PS. Tanto Manuel Alegre como eu evitámos que eles se demitissem antes de Seguro se pronunciar. Mas confesso-lhe que fiquei desiludido com o discurso brando com que anunciou o desacordo e deixou algumas portas abertas para uma nova discussão. Também fiquei desiludido com a entrevista que deu depois a Ana Lourenço, como já disse atrás, em que numa hora falou sobre ele e uma só vez no PS.» Três desilusões. Um só vácuo. E a Liberdade para um líder se afirmar?! E a Liberdade para um gajo brincar ou não brincar o seu jogo, dr. Soares? E a liberdade para sair de um Partido ou ficar na merda de um Partido, dr. Soares?! A Liberdade, caralho! A Liberdade, foda-se!!!! Só conta quem está, dr. Soares. Nem o dr. Soares é eterno, embora se comporte como incontornável. Definitivamente, esta canalhada com idade para ter juízo pensa que ainda está na Primária a trocar recados e a zangar-se no recreio. Quem pensa assim não pode pensar no País. Só na Igreja do Partido. Coisa fanática e cega. Com Salazar também foi assim. O Partido era o Poder e toda a symbólica dele. O País tem outra agenda. Tem de ter.

Comments

Vivendi said…
"Com Salazar também foi assim"

É sempre infeliz a tentativa de comparar os camafeus de hoje a Salazar.

No resto é o que temos. O traste nos seus dias contados julga-se o rei do regime, da república, do partido, dos maçons e sabe-se lá mais o quê...

Quando não temos o rei em ação de deformação temos o príncipe à la maquiavel a conspirar... triste partido socialista que vive para partir Portugal.

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