FRANKENSTEIN METROSSEXUAL


Tarantino Ferreira-Pinto, não concedas tanto. Usa outro verbo.
Todos os regimes modernos com Democracia no Rótulo, para nos fazerem felizes
e não serem estas bestas atrevidas em que a pouco e pouco
se vão transformando, terão de ser híbridos e articulados no plano económico,
com um pouco de socialismo aqui e uma pitada de liberalismo ali,
o que, para abreviar, daria lugar a uma espécie de boneco amestiçado:
um que aparentaria a tua careca com óculos escuros
encaixada nas pernas esgrouviadas do António.
Isto se corresse bem. Se corresse mal, seria uma morena escultural.
A morena impossível de Manuel Alegre.
lkj
Falando com gente que tentou empreender um negócio legítimo
nos últimos dois anos, todos foram unânimes em reconhecer
que o Estado fodeu com a sua livre iniciativa e a das demais pequenas empresas,
massacrando-a de impostos, barreiras e limites, condenando toda a livre iniciativa
ao mais desesperador e falido malogro. E no entanto, tínhamos por cá
uma práxis estatal marcada pelo deixar correr o marfim, do lado Social, nem sinal,
só o bom trabalho de favorecimento dos grandes empórios:
nada a opor às Mota-Engil, às Martifer e a outras empresas
sustentaculares da megaglobalização portuguesa.
lkj
Enfim, temos uma Democracia Imberbe
e um Estado gerido com incompetência porque entrava por todas as vias
a sobrevivência dos mais pequenos como bom joguete
serviçal somente do peixe graúdo. O resto é paleio plástico-argumentativo
ao serviço da agenda ou do melhor lado do Governo.

Comments

Grande post, caro Joshua. Continuas em forma e a ser um dos melhores bloggers, se não, o melhor.
Faltam 11 dias para te enviar um abraço de parabéns. Já sabes se vem aí um "atirador" ou uma "miss Portugal"?
Abraço
Anonymous said…
Meu enorme e carísismo REX, tu bem sabes, porque tu disse pessoalmente e porque por várias vezes o afirmei por escrito que posso ser socialista, mas não sou cego!
Nem vesgo.

Crítico, não acéfalo, muito desalinhado e a procurar ser justo nas análises que faço em qualquer lugar!

Quando disse ao António de Almeida que concedia é porque o sei quase um ultramontano, um liberal dos quatro costados, um defensor de uma certa visão da sociedade e do mundo que ele acredita de forma séria e honesta que traria a maior das venturas ao Homem.

Eu, que sou um valdevinos, sou pessimista quanto a isso.
A história está cheia de pensadores e actores que quiseram o melhor para o Homem e o melhor que conseguiram foi quase coisa nenhuma!

Quando me desafias a não conceder tanto, pergunto-te se quem escreve que o PS, para reduzir a coisa à caserna, esqueceu que há vida e Orçamento para além do défice, concede?

Ou se concedo quando pergunto por um Código do Trabalho que deixa tudo e todos de cara à banda?

E ainda se concedo quando clamo que se diz que se fez uma reforma da Administração Pública, mas o que ela abriu foi portas à arbitrariedade, ao medo e ao despedimento encapotado chamado “disponíveis”?

E conccederei ainda quando falo que a avaliação dos professores feita de remendos é ainda pior que ler James Joyce?

E também concederei eu por nomeações de gente sem sombra de competência para lugares fulcrais da Administração?

Ou ainda por resmas e resmas de legislação, muitas das vezes tortuosa e incompreensível?

E se bem me entendo também concedo quando digo que apostar sistematicamente em parcerias público-privadas corresponde ao desmantelar do Estado e o abrir portas ao oportunismo económico mais vil e mais rasca?

E serei concessivo quando digo que manter a aposta no TGV em tempo de vacas mirradas, quando o resto da rede ferroviária se desmantela lenta e paulatinamente é uma parvoíce?

E serei lá o tal Metrossexual Frankenstein por dizer que este Governo, aliás, como todos os governos a que temos tido direito, é forte e inclemente com os fracos, mas tíbio e subserviente com os fortes?

Se a tudo isto responderes que SIM, então eu serei um concessivo.

Agora metrossexual não, embora não renegue aos cremes e aos perfumes. Coisas de burguês, sabes!

E Frankenstein, muito menos.
joshua said…
O problema de ser um Frankenstein Metrossexual, Tarantino-Ferreira-Pinto, não está nos pontos de vista que defendes ou até em alguns que o próprio António defende, talvez, creio eu, com a militância e ingenuidade de um antigo comunista dogmático, sempre próximo e fiel à cartilha com que lia e descodificava o cadáver imutável para ele de um Mundo mundo dinâmico, mutável e ainda mais dinâmico nas sínteses e na criatividade híbrida das soluções.

Um defensor dogmático do liberalismo, da chave dogmática com que concebe o papel do Estado e do indivíduo, pode ter o mesmo estatuto, a mesma frequência mental, da fé que um comunista tinha também na sua cartilha: a prescrição de um Estado Esmagador na planificação e gestão de tudo, até da estrutura mental de crenças e convicções do indivíduo ou de um Estado Lipo-aspirado, cortado às postas e dado a comer, como bem disseste, ao oportunismo voraz e socialmente indiferente das parcerias público-privadas.

O problema está nos que referes e não concedem nada a ninguém, restritivos de tudo e de todos, nas suas medidas irrealistas, fantasistas, desfasadas da realidade presente e devotadas á moda de oprimir de exploração a esmagadora maioria dos cidadãos em nome não se percebe de que sociedade desnivelada e a engendrar revoltas nunca antes vistas: esses são os que olham para o melhor de ti e para o melhor do António, para todas as fórmulas de ruptura, para todas as sínteses criativas, para todas as soluções com solidariedade, bom senso e sentido de justiça dentro e, em vez de lhes verem a Morena Escultural de Enlouquecer, vêem apenas e só um Frankenstein Metrossexual. Joguei com ironia e ambiguidade esta metáfora cómica.

Só te fica bem não concederes em todos os pontos que elencaste como opções políticas erróneas e só te fica bem usar esse verbo como enfática negativa à vontade, que é bem necessário.

Ser concessivo envolve a apresentação de uma alternativa complementar mas nem sempre concorde ao membro subordinante da frase: a respectiva oração subordinada concessiva. No entanto, em quanto não concedes pressupomos o que concedes.

Seja como for, concede lá que tu e o António podem hibridizar posições e construir, não o Frankenstein Metrossexual que outros [governamentais, capitalistas bem abancados e liberais só a seu próprio favor] possam ver, mas a Morena Deliciosa da Política com Decência na distribuição da riqueza e ainda mais decente num assistencialismo social voltado para quimérica criação de emprego.

O Liberalismo é uma coisa cheia de charme, quando não se passa fome. O socialismo é uma utopia com encanto, quando não se prostitui ao Capital e toda se descaracteriza de indiferença pelas pessoas concretas.
Anonymous said…
Concedo!

Especialmente depois de teres acenado lá com a morena ... aliás, meu velho, o que eu quero não é aquele socialismo onde nada resulta, onde há um Estado esmagador, onde o máximo que se consegue é que os tipos que mandam estejam dispostos a partilhar tudo o que é nosso e nada do que é deles; o que eu quero não é também que apregoando-se esta globalização irresponsável nos façam regressar aos idos da Revolução Industrial ... quero um Estado justo, inclemente nas fiscalizações com poderosos e espertos, rápido nas soluções, assertivo nos investimentos; o que eu quero é um patrão que saiba que, se calhar, não é hora de dizer ao trabalhador que não há dinheiro para um aumento de 45,00€ mas ter imagnação fértil que lhe permita ir à gaveta que é de todos sacar mais 100.000,00€ para o carro último modelo, um patrão que pague a tempo e horas impostos; o que eu quero é trabalhadores que o sejam e não que se apresentem no posto de trabalho com empregados, que metam baixa ou batam à porta do Rendimento Social de Inserção para depois parasitarem ou andarem a ludibriar a sociedade na economia paralela ... olha, se calhar quem quer demais sou eu!
Vá-se lá saber ...
joshua said…
Pronto, e concedes muito bem. Com pouco esforço consegues acrescentar as partes corpóreas que constituirão esse organismo de Morena Suculenta, organismo atraente e moralizado chamado Política do Futuro mas de que precisamos Agora Mesmo. Estava com esperança de que o António trouxesse para aqui as partes articuladas dele a ver se conjuntamos uma ideia, um corpo Moreno de uma Política Toda Boa para Portugal.

Para gente com brios e honra, como eu e como a minha mulher, chega a ser aviltante ter de estender a mão ao Estado implorando o RSI. Receber e nada poder dar é uma humilhação. Quantos disso se aproveitam e medram com investimentos clandestinos, ilícitos e livres de impostos!

Fazem-me lembrar o empresariado que tão bem radiografas. Cambada de labregos sem visão. O círculo virtuoso da produtividade acrescida porque bem retribuída não lhes interessa. Preferem o círculo vicioso da miserável merda que pagam com a qual enchem de cínico, de desânimo e de reprovativo moral os seus funcionários bem cientes dos 100.000 euros no Mercedes com que volitam para longe do Fisco.
joshua said…
Duas moralidades e duas exigências. Uma para ricos. Outra para pobres. Eu, por exemplo, fui fodido e empobrecido de Fisco. Eles escapam-lhe magistralmenet.

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