RELANCES DE ESTA VIA SACRA
Desta vez, ao passar sobre aquela pequena ponte por baixo da qual
os comboios atravessam a minha terra, estava aquele tal amigo
tentado pelas garrafas de whisky nas vitrinas do meu Pingo Doce,
Desta vez completamente em tronco nu, ao centro de essa ponte,
encostado ao respectivo pequeno muro de protecção,
voltado para o rio de automóveis que por ali passa todo o santo dia,
incluindo afinal o meu.
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Bojudo, braços espraiados para cada banda,
mãos apoiadas no velho concreto do pequeno parapeito,
perna cruzada pelo tornozelo naquele ângulo de vinte ou quarenta graus estiloso,
traseiro encostado e sobretudo aquelas calças de grávida, bem elásticas e amplas,
bordejando-lhe o ventre gigantescamente desproporcional.
Acenei-lhe [do meu carro, que passava, aquilo parecia uma mensagem cósmica
reverberando ainda a brevidade e loucura do nosso encontro prévio].
E pensei: «O Estado é certamente um Paquiderme para comigo,
mas parecerá talvez um santo delicado
para com aquele pobre moço desaparafusado.»
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A pena é que alguns são calcados pelo estado e gostam, eu não e tu não, mas começa a achar que somos uma minoria.
parecem-me no mínimo razões para lutar.
Gracias por pasar por mi casita.