ME IN A BLAZE O FURY
Eu já tinha parado de culpar o mundo culposo e culpado dos governos,
que alavanca e garante a Banca em três tempos,
mas negligencia por décadas pessoas
para cujas necessidades prementes nunca há dinheiro.
lkj
Eu já tinha deixado de responsabilizar
a estratégia de corte sem costura nas políticas governativas nacionais
em matéria de pessoal no sector público,
a fragilização geral e galopante do trabalho,
aspectos por toda a gente vistos como grandes virtudes de gestão,
mesmo no Estado, mas sem se prepararem saídas de emprego alternativas.
Eu já tinha reconhecido ser meu o problema
e só minhas todas as vias de saída dele.
lj
Mas ela veio pregar que estou imóvel, que me refugio no blogue,
na televisão e na cama, dizer-me que nem sequer gosto já de ensinar.
Que eu tenho dificuldades em levantar-me bem cedo e ir à luta.
Que não movo um dedo por encontrar trabalho.
Que mais não faço a não ser invectivar o governo e os poderes estabelecidos,
iludindo as minhas próprias responsabilidades pessoais por mim mesmo.
Que nem sequer procuro activamente uma editora para o meu livro.
Que, apesar da fraca cultura, desejaria ela ler finalmente o meu livro
para, com a sua intuição mediúnica, avaliar se tem ou não tem futuro.
lkj
Ouvi tudo isto em silêncio. Não pronunciei uma palavra.
Tenho o espírito paralítico e a vontade comatosa.
Estou furioso e calmo ao mesmo tempo.
Estou cansado. Estou inerte. Desprezivo de lições de moral. Não consigo!
Desistência e destruição, paciência e contenção,
são metais liquidificados no alto forno da minha consciência.
Tudo isto é pungente de mais para se resolver rebocado
por pareceres e opiniões bem intencionadas,
mas alheias e exteriores ao que sou.
Sei que sairei disto in a blaze of glory.
Sei que sararei estas mazelas do lado descartável do ensino.
De desprezado passarei de algum modo
a imprescindível nalgum lado, nalguma coisa!
Comments
Que se lixem e com aqueli que governam.
Um abraço por boas escritas
Quando o mundo está aparentemente a fugir-nos por debaixo dos pés, há sempre uma boa notícia que nos aquece e nos despega a alma. Lutar, no entanto, é preciso se não cairemos na mazela do adormecimento e da solidão. Os tempos não estão fáceis, mas também nunca estiveram fáceis. A facilidade está em nós! Travar o nós na blogoesfera em momentos de aflição e rejeitar, pelo menos momentaneamente, a ilusão do nosso contentamento,pode ser nesses momentos a única saída, um novo regresso à mesquinha vida!
Sem duvida nenhuma.
Ás vezes é mesmo necessário lamber o fundo do poço. Só depois nos é possível dar o impulso explosivo para reemergir glorioso.
Sei que o farás, e vou acompanhando a tua viagem por aqui, não estou lá (no fundo do poço) contigo, mas guardo a entrada, à espera que saias. :)
beijos acarissimo.