FÉTIDO OPORTUNISMO GENÉRICO
Quando se rarefazem os valores e os limites éticos antigos, nem a saúde escapa e o que deveria ser uma questão de bom senso está na verdade no centro de um saque moral: parece ilegítimo que as farmácias possam trocar certos medicamentos por genéricos e o possam fazer arbitrariamente, contra as marcas de prescrição médica prévia. Convertido num grande negócio marcado por subterrâneas políticas de competitividade, quanto mais um País envelhece mais se transforma numa presa apetitosa para as farmacêuticas de que não se quer abrir mão. Daí que procure maximizar os ganhos com o máximo de subterfúgios e ideias 'criativas'. O oportunismo relativo aos genéricos parece notório. É outro tipo de rasura ética do essencial como as que têm sido frequentes e marcam o tempo em quase todos os domínios, quando o lucro se desumaniza e sobrepõe à fome, à cultura, à dignidade de vida. Certo é que é em medicamentos que se extingue boa parte do orçamento de centenas de milhares de portugueses e mesquinez em torno de isto não deveria ser alimentada. É de uma fealdade extrema que se mantenha esta disputa. Sem outra saída, arbitra e pressiona bem a ministra: «A ministra da Saúde anunciou hoje que o Serviço Nacional de Saúde não pagará às farmácias a comparticipação dos medicamentos que forem substituídos pelo genérico mais barato sem autorização do médico. Ana Jorge falava aos jornalistas, em Lisboa, no final da cerimónia do Dia Mundial da Saúde.»
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