BROWN, BRITISH PARLIAMENT E O ENFADO
Depois do escândalo com as exóticas depesas pessoais dos deputados ingleses com dinheiros públicos, no British Parliament, muita coisa parece ter mudado por ali. Matéria importantíssima para refrescar por toda a Europa, também em Portugal, os perigos da Política sem devida accountability, sem escrutínio e demasiados segredos para a Opinião Pública quanto ao destino do Dinheiro Público, tais revelações permitiram recordar a ideia do perigo que representa deixarmos aos políticos completamente entregues a si mesmos, pois o que acaba por acontecer é o Desbragamento Português: isto é, quando deixamos esta gentinha à solta (alguma de ela de aviário, pois pode passar décadas alapada no Parlamento), ela não resiste a legislar em causa e benefício próprios de um modo abusivo clamoroso, basta pensar na Lei do Financiamento dos Partidos. Por isso acontece transformarem o múnus do serviço abnegado à Pólis naquela autoestrada imoral para formas de enriquecimento tão ilícitas quanto instantâneas, bastando por vezes uma só legislatura (pense-se só nesta fornada socratinesca de aumento esmagador da despesa pública com uma multidão clientelar pesadíssima ao Estado) para um político português sem escrúpulos secretamente resolver a sua vidinha. Aquela gentinha tenta-se e cai na tentação. Hoje, graças a Fátima Felgueiras, Isaltino e ao Freeport de Sócrates, às ventosidades caciquistas de Olhão e de Braga e não só, nós compreendemos dilacerados que a Coisa Pública não está a ser cuidada com o zelo, o amor e o respeito que os cidadãos merecem e exigem. Quanto ao enfado de Brown pelo poder, dadas as coisas agrestes com que tem tido de arrostar, o que não mata engora. Faz parte. Há outros que, grunhos e brutais, estão muito contentes consigo mesmos: «O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, confessou ao jornal "Guardian" que se encontra "magoado" com os ataques pessoais de que tem sido alvo este mês e acrescentou: "Para ser honesto, deixaria tudo isto amanhã."»
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