SATA E AS LIGAÇÕES PARA O BRASIL
Quando uma companhia aérea regista prejuízos, neste caso a SATA, com 3 milhões de euros em 2008, depois de, em 2007, ter apresentado lucros de cinco milhões de euros, caberia perguntar-se qual seria o impacto benéfico e remediatório, por exemplo, de um abaixamento significativo dos salários e prémios dos seus gestores durante um ano [de Crise!] só para tirar teimas e aferir efeitos. Eis uma matéria sacratíssima em que não se toca: o salário dos gestores. A gestão em geral é, em demasiados casos e muitas vezes, um mero acto equilibrista no qual tudo e todos podem ser passíveis de cortes e perdas, menos os próprios gestores, cujos vencimentos e prémios, eles sim, desequilibram de um modo extraordinário as contas gerais, sobretudo em anos de Crise, coisa que raramente é mencionada nos relatórios de contas. No caso das companhias aéreas, dado o avançado estado de atrito da sua sustentabilidade, planetariamente em perigo, seria necessário começar do zero e reponderar todos os princípios que nortearam o desenvolvimento da aviação civil à luz do que hoje a estrangula concretamente. Os custos operacionais começam a estar de tal modo inflaccionados que longe de se democratizar, acessibilizar e generalizar, a aviação civil mais parece a caminho de regredir para catastróficas falências, antecipadas por pontuais acidentes devido à pequena, mas fatal e natural, negligência técnica: «Para inverter as perdas registadas em 2008, o grupo SATA está a desenhar um plano de contenção de custos, que já afectou as ligações para o Brasil. Por outro lado, precisa de formar novos acordos com companhias de aviação canadianas ou norte-americanas para encontrar novas alternativas de receitas. Tudo isto sob a pressão de uma crise global que não tem poupado as transportadoras aéreas. Quando a empresa estatal açoriana fechou 2008 com prejuízos de quase três milhões de euros, a equipa de gestão definiu como prioridade alterar a rede de voos, “com cancelamentos cirúrgicos de rotas e frequências deficitárias”, lê-se no relatório e contas. Objectivo que já começou a ser cumprido, levando à suspensão da operação no Brasil, para onde a SATA voava uma vez por semana em charter desde 2006.»
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