VIEIRA MINA O TERRENO DA ESPERANÇA
Os dados estão lançados. Agora que Moniz, uma esperança e uma reserva de carácter para o clube, se define como não candidato em nome do "Movimento Benfica Vencer Vencer" e o faz pelas razões sólidas que elenca, Vieira, que deixa muito minado o campo da viabilidade benfiquista, tem, com a contratação de Jorge Jesus, a derradeira oportunidade de provar que o último campeonato conquistado por Trapatoni e Veiga não foi acidental. Jesus é um homem marcado e sofrido. Parte do que ele é hoje deve-se ao facto de ter padecido de muitas maneiras no seu percurso. Substimado por não ser loquaz, teve a sua via sacra de desemprego e minimização de sólidas capacidades, mas deu a volta por cima e tornou-se um treinador feroz, determinado, absolutamente incansável por sucesso, experiente e esperto. Também ele arrisca muito em pôr-se de acordo com uma Direcção Demissionária ferida de comportamentos pouco democráticos e nada éticos para com os demais concorrentes à presidência para quem propala tanto amor ao Benfica e respeito pelos benfiquistas. Ser Jesus não é fácil nem quando se chama Jorge. Sofrer está-lhe na natureza. Ter eventualmente de assumir com os pecados de uma Direcção recheada de insucessos passados, com as mãos manchadas do insucesso de outros treinadores inteligentes e experientes mas mesmo assim ali, na Luz, sepultados, e ter de lidar com gente conhecida pelo modo péssimo como gere certos dossiês (tantas contratações falhadas! Tantos jogadores em sistemático subrrendimento!) é, para Jesus, um grande risco e um desafio ainda maior que artilhar uma equipa que corra, compita com garra e adote uma índole vencedora. Corre o risco de ver todo o seu valor e mérito deitados a perder com o caos do Departamento de Futebol benfiquista e com a ausência de respaldo de peso nas horas amargas, mal de que foram vítimas tantos outros treinadores. Quanto a Moniz e a Bruno Carvalho, traídos pelo timming ditado por Vieira, resta-lhes, ao não-candidato e ao candidato teoricamente 'condenado' à partida, observar com se comporta a equipa de futebol nesta derradeira oportunidade para não falhar ou falhar muitíssimo menos. Com sorte, o Benfica tão cedo não ouvirá falar de uma recandidatura de Moniz ou de Carvalho. Ou então, pela regra do que tem sido o consulado vieiriano, voltaremos forçosamente muito em breve a ter de falar de eleições: «José Eduardo Moniz, director-geral da TVI, revelou hoje que uma das razões para não se candidatar às eleições do Benfica foi o desconhecimento da situação financeira do clube. Em entrevista ao programa “Diga Lá Excelência”, do PÚBLICO, Rádio Renascença e RTP2, Moniz defendeu ainda que Rui Costa assumiu responsabilidades elevadas demasiado cedo.»
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Pois sem dúvida, que quem é adepto do FCP pode falar muito de carácter de dirigentes desportivos!