TODA A GENTE QUER BATER NA GUIDA

A Guida
Reparei só agora que há uma montanha de meses nem eu escapara à grande sublimação nacional que consiste em bater de vez em quando na escriba Margarida Rebelo Pinto por qualquer coisa que diga ou qualquer coisa que escreva. Já nem me lembro a que propósito a sovei, salvo seja, com que post mortífero, mas também a mim, na altura, me pareceu bestial fazer opinativamente de Carrilho e partir inopinadamente para cima dela, salvo seja. Brilho fácil. Glória ainda mais fácil. Ora, a Guida acaba de nos dar mais uma oportunidade com o que ousou ensaiar dizer em defesa deste Governo e de algumas das suas medidas e políticas. Foi no programa Bom Dia Portugal, RTP 1. Como bater na Guida é demasiado fácil, glorioso e imbecil, vou tentar fazer o contrário. No referido programa, ela apareceu com uma linha argumentativa pouco habitual em Portugal, politicamente incorrectíssima, pobre mulher. Como uma norte-americana típica, apelou à unidade nacional mesmo em torno do que mais nos dói e nos chaga, apelando à confiança em quem tem a incumbência de governar, porque eles lá sabem. Esqueceu-se que em Portugal todo o titular de cargos públicos, quer mereça quer não, é alvo de mais ódio e rejeição que o próprio Diabo, se viesse convidar-nos para um copo de sangue e uma orgia de ódio, com fuzilamentos, pedofilias e câmaras de gás. Chega! Está na altura de alguém, posso ser eu, defender a Guida e sovar compensatoriamente com uma tareia impiedosa e monumental qualquer badameco que a tenha recentemente sátiro-espancado à conta do que disse. Descansem, não vou atirar-me a um qualquer cabrãozolitas radiofónico de quem sou fã. Não. Calma. Estou aqui para bater forte, mais ou menos directa mais ou menos indirectamente, em quem tenha batido, bata ou pretenda bater na Guida Rebelo Pinto. E vou argumentar com condescendência, amor e carinho em sua defesa, isto é, com satírica violência verbal contra os que a têm sovado. O sovódromo mais em foco, fórum dos fora, é o Facebook. Aí, Guida Pinto foi maltratada aos milhares de ocorrências, bocas e comentários, post sim, post sim: todo o caramelo da Esquerda Unânime, do Centro Castrado ou da Direita Covarde, lhe bateu e depois vieram os milhares de cromos ser público e deixar que pensem por si, esses que aplaudem sempre os mesmos, todos os dias, mil coisas que evacuem os mesmos, mesmamente, essas grandes estrelas do Face. Qual é o problema de a Guida não ser amante de grandes megafones, greves, manifs e arruadas de protesto fóssil?! Por que não pode a delicada Guida não gostar de cenas histéricas e escarrantes à frente de São Bento-Parlamento?! As cenas com pedras e com berros e assuadas mudam alguma coisa nas nossas vidas?! Invertem uma vírgula a lógica planetária das grandes criminalidades bancárias ou, internamente, as grandes lógicas dominantes das grandes máfias corruptas, dos grandes cartéis bancário-energéticos e suas rendas leoninas por cima do nosso pescoço?!, ou os lucros de outros consabidos responsáveis que nos trazem a pão e água?! Não, pois não?! Então, siga. Respeite-se a Guida por não ir na cantiga-candonga do camarada para aqui, camarada para ali. Na verdade, pode ser tão vazio e tão inútil ir gritar para as praças como ficar em casa amarga, escanzeladamente atrofiada, a tapar as orelhas e a dizer mal de quem grita, Guida, mas os que te sovam de loura, burra, imbecil, ignorante e auto-plagiadora, deveriam pelo menos tratar de examinar, por palpação rectal prórpia ou alheia, em que estado vai o próprio hemorroidal psíquico. Mal, muito mal. E o primeiro que deveria ir apanhar com o dedo palpador próprio ou alheiro do Dr. Proctologista deveria ser, à cabeça, um tal de Jacinto Furtado, o grande bimbo, que se atira à magna tarefa de satirizar a tua imbecilidade, com tal zelo e frases tão pré-fabricadamente feitas, que só pode ser o irmão gémeo que a Guida nunca conheceu, Guida! Gritar ou não gritar? Quer uns quer outros são imbecis sem saber e ao Já Sinto nem lhe passa pela mona. Nada mais imbecil que um português ir gritar para as praças em vez de se por a milhas desta piolheira infecta para aterrar aliviado em plena City of London, para esclavagisticamente ir limpar retretes-cagadeiras por quase quatrocentos euros/semana, pois lá pagam à semana. Isso, sim, é que é subversivo e com força revolucionária o bastante para mudar o Mundo de lugar e a Lua mais para a Esquerda. Prostrem-se, portanto, perante um qualquer intelectual português [poderia ser eu, mas agora não posso] disposto a limpar sanitas inglesas e a não perder um segundo a berrar contra a grande parede imóvel e corrupta de quem chupou, chupa e chupará tudo em Portugal e ainda nos apresenta a factura, chupadores como o grande novo caudilho das Esquerdas, o Grande Perdoado, Sócras. Prostrem-se! Quem dera a muitos que protestam sonoramente por detrás dos bigodes e da farta pançaterem um quarto do cérebro de ouro da Guida Rebelo Pinto que se sente triste enquanto moradora nas cercanias da Assembleia da República por causa das manifestações que se têm feito nas galerias e nas faldas das escadarias! Sentir-se triste é uma lança em África, ó Guida, e ó Bimbo Jacinto. Há quem não sinta nada com o meu desemprego e o de milhares. Sair à rua, hoje, é para fracos. Fazer greve, ritual sem norte. Ser um intelectual subversivo, capaz de emigrar e transportar dez milhões de londrinos às costas, isso, sim, é que é de homem. Para cúmulo, a única gentinha que se planta na rua não é aquela que nada tem a perder, composta por mendigos, sem-abrigos, desempregados de longa duração e ainda mais longa desesperação: é aquela gentinha que tem algo a perder, esquecida dos outros e dos grandes desígnios chineses de estrangulamento industrial europeu e outras cenas. Os que já perderam tudo por décadas de incompetência, gestão danosa, compadrio e corrupção, ou ficam, como eu, sentados no sofá e vão escrever umas palavras de ordem sem respeitinhos nos blogues e tal, ou fazem isso na mesma, mas emigram, como eu, talvez. Já! Nada mais há a esperar de Portugal senão um ajustamento bem pensado, mas muito duro e cruel, para sermos finalmente um País normal como os outros, que nunca faliram, um País com sucesso daqui a dez anos. Nada mais há a esperar de Portugal senão entretanto sofrer penúria e pagar para sofrer em penúria. Algum bem advirá disto. Mais. Guida saberá certamente por inexperiência que historicamente quem permanece no rectângulo em tempos de crise grossa é porque não tem nada a oferecer que interesse fora dele-rectângulo e que o défice de inteligência ou baixo QI são uma evidência relevante nacional não despicienda para explicar a grande Indecência de Falhar Falindo: a esmagadora maioria das pessoas não sabe bem medir as consequências do que vota, a julgar pelo modo como tem votado em rematados imbecis, demagogos, mentirosos, que se decidem por políticas despesistas, que consistem em aumentar o défice público e, quando já não é nada com eles, deixar-nos nas mãos de quem nos empresta ou não dinheiro e com que juros, coisa que é uma brincadeira de meninos para decisores incompetentes e um fim do mundo duas vezes para o nosso emprego e a saúde de uma economia que queira caminhar por suas próprias pernas. Nada mais repulsivo que apoucar a generosa e ingénua Guida ao abrir a boca para falar mal dos Portugueses, esses mesmos que votam mal e porcamente, e desabafar que também teve cortes. Portugal nunca teve grandes recursos, diz a Guida. E tem razão. Portugal abusou dos recursos da Índia, depois dos recursos do Brasil, depois dos de África, depois dos provenientes da Europa. E entretanto, entre quem enriqueceu e quem não saiu do sítio, não se fez economia, só estruturas sequiosas de dinheiros públicos e dependências do Estado. Desfez-se economia derretida em autoestradas redundantes, numa praga de hospitais e escolas de primeiríssimo mundo que agora é preciso pagar à custa de um empobrecimento atroz, maldição! Não admira por isso que a Guida defenda as taxas moderadoras dos hospitais. Só se fosse completamente imbecil e mono-esquerdóide, como o Jacinto, é que não defenderia. Acha a Guida muito bem que um reformado rico que recorre a uma urgência hospitalar tenha de pagar vinte e tal euros e eventuais exames e que um reformado pobre seja disso isento. A opinião vomitada pelos jacintos furtados é na verdade muito estranha e ainda mais estranha quando é aplaudida por anormais acéfalos na ordem dos quatro mil ou mais a partilhar inanidades no Facebook. Não se pode dizer bem do Governo, Guida! Mete na cabeça que não se pode dizer bem do Governo. Só se pode, e nisso tem toda a gente carta-branca, chamar filhos da puta e palhaços aos que, sob intervenção externa, estão na verdade a aplicar as políticas de vida ou de morte nacionais e do Euro, assentes na rocha das exportações e não na areia do sobreendividamento público, políticas de que Portugal carecia desde a Revolução de Abril: o justo equilíbrio entre os direitos e os deveres, a justa recusa da rebaldaria e do roubo descarado no Aparelho de Estado, o justo enfrentamento do pesado problema da profusão de boys PSD/PS, o justo equilíbrio na balança de pagamentos, mais dinheiro a entrar, menos a sair, mais poupança que extravagância nas políticas públicas. O mal inevitável e inescapável dessas políticas são os cortes em salários e pensões e os despedimentos, cuja gravíssima gravidade só é o que é porque foram demasiados Governos de merda no passado, mais interessados em ganhar eleições que em fazer de Portugal um País de prosperidade que nunca mais nos envergonhasse, como em 1580, 1890, 1977, 1983 e 2011. Vale mais uma Guida na mão que dois ou três jacintos-caralhos-furtados a voar, bordel da opinião unânime cor de Esquerda quando foge e tão fácil de aplaudir.

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