ANA GOMES E A LÓGICA-ESTRUME

Imaginemos que o PSD, isto é, todo o PSD, todos os militantes, todos os dirigentes, todos os eleitores habituais tinham culpa na miséria do BPN. Ainda assim deveria assistir-nos um módico de pudor para não generalizar a culpa. Da mesma forma, quando se fala em Casa Pia ninguém desata a pensar no PS como um partido particularmente pedófilo, com os seus dirigentes pedófilos, os seus autarcas pedófilos e os seus militantes pedófilos. De modo que a dr. Ana Gomes, assanhada por qualquer coisa de inapreensível, mas que se deve chamar serviço servil a quem manda, ao concitar MFL a opinar sobre toda esta história negra, no fundo está a mostrar que não tem vergonha na cara nem consegue ver que a malícia do propósito arrasta o PS para o mais sólido do Esgoto na História da III República, feita de delapidadores, de reformas milionárias, de sinecuras, de imoralidades legisladas por políticos para beneficiar políticos. Ainda não temos imprensa à altura da denúncia e da autópsia moral que merecem os que sempre saquearam Portugal e o iludiram sucessivamente. Pensamos todos o mesmo sobre o BPN. Mas há limites para a instrumentalização de esse tópico, até porque, que se tenha notado, ninguém do PSD está a fazer campanha em torno de/instrumentalizando o Caso Freeport ou o Caso Cova da Beira, ou o Caso Licenciatura Fajuta de Trafulha, só para elencar algumas nódoas gravíssimas a rondar as pretensões que não se mancam do sr. Sócrates. Um candidato vale o que vale. O que diz e não diz é revelador. Ana Gomes esclarece-nos cabalmente quando usa a sua habitual lógica-estrume: «Desta vez foi Ana Gomes a desafiar Manuela Ferreira Leite a dizer o que pensa do “escândalo BPN”. Nas “Palavras Assinadas” naTVI, a candidata do PS ao Parlamento Europeu volta a acender o rastilho da polémica ao considerar o caso como “criminalidade financeira organizada em torno de off-shores, bancos estrangeiros de fachada, um negociante de armas procurado pela Justiça espanhola”.»