JORGE COELHO: HÁ MUUUNTA FALTA DE DECÊNCIA NA POLÍTICA E NOS POLÍTICOS
O Bloco de Esquerda considerou ontem "indecente"
a nomeação do ex-ministro socialista Jorge Coelho
para a presidência da construtora Mota Engil, insistindo na necessidade
de um período de dez anos de incompatibilidade entre funções públicas e privadas.
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"Não podemos confiar em políticos com apetite.
Enriquecer não é a regra para a decisão política,
mas o cuidado da coisa pública", declarou em conferência de imprensa
o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã.
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Falando no final da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda
- o órgão máximo desta força política entre congressos -,
Francisco Louçã referiu-se à nomeação do ex-ministro socialista Jorge Coelho
para a presidência da empresa de construção Mota Engil.
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"Na administração da Mota-Engil há dois ex-ministros
[Jorge Coelho e Valente de Oliveira] e um ex-secretário de Estado [Luís Parreirão]
e, por isso, o Bloco de Esquerda dá inteira razão [ao ex-dirigente socialista] João Cravinho quando diz que é inaceitável
que quem concedeu o exercício do monopólio para a construção
e exploração de obras públicas tenha depois cargos de direcção na execução
desses mesmos monopólios", sustentou.
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Para o líder do Bloco de Esquerda, a transferência de Jorge Coelho
para a presidência da Mota-Engil, sobretudo em virtude do passado político
e das funções ministeriais que foram exercidas por este dirigente socialista,
"não é séria".
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"Era o que faltava que um dia destes alguém nos viesse dizer
que quem se mete com a Mota-Engil leva.
A Mota-Engil e outras grandes empresas têm levado o que querem:
ganham os concursos, têm a construção das auto-estradas,
têm a construção das pontes e depois têm à sua frente
os ex-ministros que contribuíram para algumas dessas decisões.
É preciso decência", acrescentou.
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Na perspectiva do líder do Bloco,
para evitar que se repitam casos destes no futuro,
"tem de haver uma separação clara entre o acto de decidir
(que é mandatado pelos eleitores) e o negócio
(que é mandatado pela vantagem exclusiva dos accionistas)".
Além do caso de Jorge Coelho, Francisco Louçã referiu-se ainda
à situação do ex-deputado e ex-ministro socialista Pina Moura
"que saiu do Parlamento
quando já era "o principal representante dos interesses da Iberdrola em Portugal,
chegando depois à administração de um grande grupo de comunicação social".
"Este convívio entre os grandes interesses empresariais
e o seu apetite por ex-ministros é absolutamente espantoso.
É preciso que não se confie em políticos com apetite,
porque a política tem que se reger por regras de transparência absoluta", disse.
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Segundo o dirigente máximo do Bloco de Esquerda,
a sua força política vai "reforçar a sua defesa em relação a uma anterior proposta
impondo que, quem está num cargo de Governo,
não pode exercer funções de interesse privado
no sector que tutelou durante um período longo, de dez anos".
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