LOIRAMENTE INESPERADAS


Alourar é um verbo positivo e estimulante no plano da papinha.
Noutros planos, pode ser uma experiência Titanic do nosso amor-próprio.
Entre uma orientadora de estágio e uma namorada,
separadas entre si por sete anos, a diferença foi claramente pequena.
Que pensar de esses encontros imediatos do terceiro grau
com respectivo rapto experimental na minha vida?
A primeira chamou Pacífico ao Oceano Índico, em plena aula do 9.º Ano,
sobre Os Lusíadas.
Na avaliação da aula, disse-lho e nunca mais mo perdoou
tal lapso-erro científico denunciado.
E era tremenda, temebunda, sarcástica, cruel, impiedosa, cáustica, sádica, desOrientadora,
o terror competente e eficiente para com os contraídos esfíncteres dos seus alunos.
Ainda hoje sou precário graças a gracinhas e a confrontos agudos
como aquele que escusadamente empreendi
contra esta Loira de Olhos Verdes e olhar de Faca.
lkj
A segunda, a namorada, de Geografia nada!
De Religiões do Mundo, nada!
De História e Cultura Geral, nada!
De Informática e Internet, nada!
De Ética e Sensibilidade à Alteridade, só da boca para fora, portanto, nada!
De uma conversa longa e estimulante sobre este Mundo Complexo em que vivemos, nada!
Depois do pavio extinto da linguagem corporal inicial, do contexto intenso dos beijos iniciais,
esse nada começou a doer e a pesar em tudo.
Mas de vernizes para as unhas, tudo!
De oportunismos consumistas sôfregos e imediatos, tudo!
De champoos, bases, toiletes, perfumes caros, roupa e mais roupa e mais roupa,
um armário atafulhado de roupa, um armário gigantesco, infinito, cheio de roupa, tudo!
De spaas, de champagnes espirituais, de massagens infinitesimais
(a tortura de massajar por horas, dada a insistência excruciante, o pescoço torcicoliano
de um corpo fêmeo sempre indisposto para sexo à séria,
canzaneando dolorosos e sádicos atrasos!),
de exigência tirânica de modos à mesa, tudo!
De invasão da minha privacidade por que lavasse
pela centésima vez, em dois minutos, as mãos, tudo!
De férias caras, da memória gloriosa das fodas passadas,
pudicamente sugeridas nos relatos honestíssimos do natural passado
com A, depois com B, depois com C... depois com Y, eu fora obviamente o Z,
e agora, a seguir a mim, a escala tem de ser numérica por esgotamento do Abecedário,
só dignas de esse nome, fodas!,
apenas porque sublimemente enquadradas
pelas paisagens sublimes e inspiradoras de Vila Nova de Mil Fontes,
de Portimão e do AllGarve todo,
da Serra da Estrela, após um seu desempenho canoro brilhante, cantava!,
com palmas e aclamações, evidentemente, tudo!
E tudo isto no meio da mais grotesca pelintrice que alguma vez testemunhei,
para mal dos meus pecados e contágio fatal de efeitos por muitos e bons anos,
pobre de mim!,
que ainda consigo escrever sobre isto e exorcisá-lo
e achá-lo cómico!
lkj
Até apareceres tu, minha interessantíssima amiga Blondephdiana,
poderás compreender facilmente como toda a blondice
me foi sinceramente impiedosa e má?!

Comments

Joaninha said…
Eu considero-me loira de coração.
E tenho um armario moderadamente cheio de roupa (moderadamente porque tenho um marido que tem mais roupa que eu ;)) mas o meu verdadeiro drama são os sapatos.....sapatos...sapatos...tenho muuuuuitos confesso...muitos....
Mas tenhos dois neuronios mais ou menos competentes que vão compensando mais ou menos o meu lado loirante e futil ;)
Adorei o escrito como sempre.

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