UMA INFLAÇÃO DE 5,1%

Gosto muito do jogo circense da política e os políticos devem gostar muito

de espetar com as suas verdades parcialísticas para cima dos nossos

crucificados ombros desempregados ou mal remunerados, a ver se pegam.

E vão pegando porque o País é desinformado, alheado, provincianamente conformista.

lkj

Neste sentido, não entendendo de que fala Vítor Constâncio, reproduzido aqui,

aprecio imenso o texto, tão discreto e clarificador, do deputado Bruno Dias,

deputado de um partido político, não interessa qual, à Assembleia da República,

e que hoje publicava o artigozito opinativo seguinte, no gratuito Meia Hora:

klj

«Quando ouvimos falar em taxas de inflação de 2,5%,

ficamos a pensar que se fala de outro país.

Basta lembrar os aumentos nas taxas de juro e o que isso fez à prestação da casa.

ljlkj

Mas o problema é que as estatísticas oficiais escondem a realidade.

A inflação é calculada com base num certo "cabaz" de produtos e despesas.

Ora, se esse cabaz não incluir, por exemplo,

as despesas com habitação própria, é óbvio que a inflação oficial fica...

"diferente" da verdadeira.

lkj

É exactamente isso que sucede,

tal como o Inquérito às Despesas das Famílias, publicado há dias pelo INE,

veio confirmar. Em dez anos, o peso da habitação

nas despesas das famílias portuguesas passou de 19,8% para 26,6%.

Para os que pagam empréstimo pela casa (são mais de um milhão e meio de famílias),

a "inflação" em 2007 não foi de 2,5% mas sim de 5,1% - mais do dobro.

lkj

Entretanto, este inquérito evidencia a subida do peso

das despesas com a saúde e a educação,

com a transferência de encargos dos sistemas públicos para as famílias.

lkj

É este o significado concreto das políticas neoliberais destes governos:

a imensa maioria da população vive pior e gasta mais.

Isto para aqueles que ainda têm para gastar,

pois são seguramente mais de cem mil as famílias que não estão a conseguir

pagar a prestação ao banco. Esta realidade que nos querem esconder

(este Inquérito devia ter sido publicado em Setembro de 2006!)

torna ainda mais injustos os "aumentos" de 2,1% ou menos

que resultaram de uma inflação fictícia.

lkj

O Governo tem de proceder a novo cálculo da inflação,

deste ano e dos anteriores, e revalorizar os salários e pensões em conformidade.

Caso contrário, a injustiça será ainda mais gritante.»