JARDIM E SÓCRATES
A retórica de Jardim é verdadeiramente pontifical, solene,
como um verdadeiro druida da Política,
um Panoramix, detentor da fórmula da poção mágica para as eleições
vitoriosamente absolutas,
ou um chefe da tribo, um Abracourcix
sempre em guerra com os Romanos do Contenente.
O que diga de Teixeira dos Santos ou de Sócrates agora é meramente carnavalesco,
tal como tudo o que desde há trinta anos tem dito.
Claro que ele faz justiça aos excluídos nacionais e é das poucas vozes
que denunciam o apodrecimento moral
que mina por dentro os centros de decisão da República,
coisa que infelizmente todos inserem no folclore costumeiro
e a que não dão a merecida atenção.
Eu diria ao Daniel Oliveira Arrastado que palhaços há muitos. Notam-se é menos.
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Certo é que Sócrates tem olhado com atenção para a chave misteriosa
que faz do Mocassa da Madeira tão miticamente popular no seu domínio
e é somente isso que lhe interessa agora. Aprender com Jardim:
ora, se o seu absolutismo democrático o não torna antipático aos olhos do Povo,
se o seu autarcismo monarquizante e hegemónico não o torna intolerável ao Povo,
se a sua dimensão de momo-bobo não o desvaloriza em face do Povo,
se as vozes oposicionais são vexadas, coagidas e esmagadas,
por processos simples e discretos, sem que o Povo estremeça,
há que seguir tal receita de sucesso e aperfeiçoá-la aqui no Portugal Continental
que tudo come e tudo cala.
E, aí, Sócrates tem sido precisamente um exímio imitador falhado
de todos estes pressupostos, mas, por tentativa e erro, lá vai chegando.
Porque, para o Povo tal como para Sócrates,
a democracia às vezes está cheia de inconvenientes, de bloqueios dialógicos,
de pluralidades que atrapalham um líder visionário,
decidido e corajoso como um Touro na Arena
tem todas as ganas e todas as certezas sozinho.
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A frase só é maldita pelo seu autor. O conteúdo é de fácil identificação ao longo dos tempos, em especial os mais recentes...