CONSERVADO EM FORMOL E SENIL COVARDIA
Já disse e repito: Cavaco é uma extensa e relapsa desilusão. Este seria um dia perfeito para andar silente e humilde pela cidade, como nos demais dias de silêncio e conivência com Sócrates, mas a peregrina figura perdida nunca perde tempo a sacudir a água do capote, cravando espadas nas costas de um Governo sem culpa e logo numa hora tão crítica, ele que se absteve de semelhantes veemências quando o crime socratista decorria e devastava Portugal. Quando os socratistas o atacam, e atacam impiedosamente, costumo defendê-lo, mas assim, não. Basta de ziguezague cínico! Basta de ser um Pilatos medíocre para Portugal. Chega de se constituir um pedregulho na engrenagem. Eis um resumo perfeito do que nos foi e vai sendo este Cavaco, cansativo mumificado no alvitre da irrelevância, conservado no formol de uma senil e obscena covardia: «Cavaco Silva, que esteve muito caladinho durante o consulado pirata de José Sócrates, deixando-o culminar o processo de contínuo desfalque do país, nomeadamente permitindo que o anterior governo concretizasse esses verdadeiros crimes económicos em que se transformaram as PPP rodoviárias e hospitalares, as SCUT do lunático Cravinho, as barragens do cabotino Mexia, Jorge Coelho e Sócrates (e respectivos acólitos: Paulo Campos e Carlos Zorrinho), e ainda as tropelias do BES e da TAP em volta da PGA, já para não falar das centenas de milhões de euros pagos às consultoras e gabinetes de advogados corruptos do Bloco Central, nomeadamente para empurrar o embuste da Ota para o embuste de Alcochete, ou fantasiar sobre, e depois construir, um aeroporto às moscas em Beja, ou ainda negociar os contratos leoninos que conduziram à falência das Estradas de Portugal, ou colocaram todos os portugueses e as suas empresas a desembolsar mais de 2,5 mil milhões de euros (duas pontes Vasco da Gama e meia!) anualmente para alimentar as rendas escandalosas da EDP e o despesismo da RTP/RDP/Lusa. Tudo isto, e ainda os casos de polícia do BPN, BCP e BPP, passou incólume por baixo do nariz do senhor Aníbal Cavaco Silva, presidente de Portugal. Entretanto, o país está literalmente na bancarrota, e o grande macro economista Aníbal Cavaco Silva, reeleito presidente da República por uma escandalosa minoria dos portugueses, em vez de nos pedir desculpa pela sua óbvia e grande quota-parte de responsabilidade no descalabro financeiro, económico e social do país, resolveu atacar cobardemente o governo de maioria em funções, que não é obviamente culpado da actual situação, suscitando objecções constitucionais sobre temas que nunca, noutras ocasiões, o atrapalharam!» O António Maria
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