A MÃO PROVIDENCIAL ANGOLANA

Deixados que fomos nesta situação ó-tio-ó-tio, convém começarmos a entender de que forma e quem nos vai dando uma brutal mãozada e quem nos vai dando uma subtil mãozinha: Angola. Para onde quer que olhemos, e demos graças a Deus!, veremos estudantes angolanos e angolanas, sentiremos dinheiro angolano, veremos passar compras angolanas, investimentos angolanos. Evola-se, enfim, pela Pólis Portuguesa o cheiro da prosperidade angolana [cuja origem, natureza e finalidades é o que bem sabemos ser], coisa que não passa tanto pela questão da solidariedade, somente ou sobretudo, mas passará especialmente pela mesma lógica de sustentabilidade dos infinitos negócios angolanos empreendidos por cá quando o espectro de penúria e pré-bancarrota portuguesas não se colocava. A queda de Portugal representaria a queda de muitos investimentos no desencadear desse movimento perpétuo no grande castelo de cartas europeu. A impotência da UE fraccionada e dos directórios a dois vai soprando e as cartas vão voando: não há, aliás, muita diferença entre o caos do euro e crianças brincando no caos do parque, com barcos lacustres de papel. Nem é à toa que a Secretaria de Estado da Cultura não confirma nem desmente ter sido a Tobis adquirida ontem por uma empresa angolana por sete milhões de euros, compra que foi bem recebida pelos trabalhadores. Pudera! Se uma empresa sueca comprasse o metro de Lisboa ou do Porto todos respiraríamos de duplo alívio. Que Angola nos atire várias bóias, eis as voltas e voltas e, sobretudo, convoluções literais que a história dá. 

Comments

Anonymous said…
O engraçado da coisa é o facto de quem se congratula com os investimentos angolanos ter reagido da mesma forma com os do Kadafi.
Entra dinheiro, a proveniência?
Que importa?
Não somos diferentes dos outros, em Inglaterra alguém investigou os investimentos de Abramovich?
Claro que não.

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