«QUAL É A ALTERNATIVA?»
«Já nos aligeiraram as metas do défice. Se bem me lembro, em Março de 2011 as metas do défice eram de 4,6%, 3% e 2% para, respectivamente, 2011, 2012, 2013. Em Maio foram fixadas em 5,9%, 4,5% e 3% (o que mostra como era irrealista o PEC4). Já nos alargaram o prazo de pagamento de 10 para 12,5 anos e reduziram-nos a taxa de juros dos empréstimos (apanhámos a "boleia" da Grécia). Num momento em que a crise da Grécia se agudiza, a Itália, a Espanha e a França dão sinais de fraqueza, e se discute o perdão parcial da dívida grega, a recapitalização dos bancos e o aumento do fundo europeu, vamos contribuir para a instabilidade procurando renegociar um acordo que já nos foi favoravelmente modificado sem fazermos um esforço para o cumprirmos? Tenho a certeza que os nossos pedidos seriam muito mal recebidos. Dentro de um ano ou dois podermos mostrar que o plano de ajustamento não foi suficiente e que precisamos de ajuda suplementar. Nesse momento, podemos argumentar que a austeridade não é o caminho e que temos de ter alternativas. Pode ser que nos sejam concedidas ou que fiquemos durante umas décadas prisioneiros dos nossos credores. Que isto nos sirva de lição para que a nenhum governo - de esquerda, de direita ou centro - seja permitido conduzir-nos novamente a uma situação em que perdemos a nossa soberania e as nossas decisões são hipotecadas a instituições que não elegemos para nos governar. Quando lhe perguntei no post anterior qual era a alternativa não o fiz por ser apoiante deste governo. Fi-lo porque se alguém me convencer que existe alternativa viável, no quadro do memorando, às políticas adoptadas, ganha um apoiante. Trabalho no sector privado mas não fico feliz com a quebra de rendimento dos funcionários públicos tal como não ficarei se o Vítor Gaspar no próximo ano me vier taxar os meus subsídios. Se houver uma solução menos gravosa para todos, penso que ninguém se oporá.» António Parente
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