SELECÇÃO: ENTRE A GLÓRIA E O ABISMO

Para a Selecção Nacional não há, nunca haverá, meio termo. Zarpados de Lisboa, ou Calecute ou morte. Ou a glória ou o abismo. Espera-se que as estrelas bem pagas e sobretudo mimadas que compõem o nosso seleccionado refreiem a própria vaidade, que é uma tentação desmesurada, e se mostrem de cabeça limpa, aberta, generosos, solidários e lúcidos, quando entrarem em campo frente à omnipotente Alemanha. Possuir e consolidar tal arsenal interior de humildes virtudes será talvez mais difícil, exigente e complicado que propriamente o marcar golos. E mesmo se os golos não entram, muitas vezes é por excesso de confiança ou pela tremura antecipada da vaidade pessoal das parangonas e dos focos de luz efémera em que Lisboa se esmera. A focagem tem de ser outra, jogadores. Concentrem-se! Não se espera que ganhem à Alemanha, porque isso pode ser areia de mais para a vossa camioneta de brincar aos heróis. Espera-se, sim, é que, mesmo perdendo ou empatando, possamos dizer do nosso orgulho pelo vosso desempenho denodado e nada frouxo. Não é português entrar a medo, mas surpreender por grosso porque, na História multissecular de Portugal, a nossa escala nunca pôde antecipar tão gigantesca e gloriosa ousadia em factos e feitos de que pouquíssimos povos europeus se podem orgulhar. É só ter isso em mente. Não nos deixaremos amesquinhar.

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