DE CARVALHO E PROENÇA, SLOGANS E NADA
O protesto global marcado para o dia de hoje justifica-se plenamente, mas seria bom fosse bem além do folclore para encher os media planetários com cartazes, sorrisos e pinturas corporais. Ao olhar para o nosso pequeno País encurralado pelo peso do seu passado recente de erros e ilusões criminosamente risonhas e pelos decorrentes constrangimentos do seu futuro, constatamos este dilema excruciante: dos ricos não esperamos sentido de justiça, sentido de Pátria, porque o seu dinheiro é apátrida e a exploração dos que trabalham inscrita nos seus genes. Mas, por outro lado, também não podemos esperar nada de refrescante e inovador de sindicatos e dirigentes sindicais. Olhemos para a primeira linha do dirigismo sindicalista, Carvalho e Proença, com décadas de converseta e impotência. Eles envelheceram na lei do menor esforço, todo verbal e sloganista, mantendo um feixe de conceitos mortos que nunca aportaram nada de construtivo e desafiante a trabalhadores e desempregados. Estão velhos. São estáticos. Depois, a segunda linha de representantes representam-se a si mesmos, aos seus cargos, aos seus assentos de pseudo-negociação. Não têm nada de nada a contribuir nem são capazes de aflorar soluções criativas e novas para o nosso País sob cerco e o fio da navalha: o que é que Carvalho da Silva fez por Portugal que a AutoEuropa não fizesse bem mais, melhor e exemplarmente? Que alternativas sólidas de trabalho e progresso sustentáveis oferecem Carvalho e Proença senão chavões vazios e o vozeirar estéril nas avenidas, logo esfumado, ao anoitecer?! Em face do esbulho das classes médias, das medidas brutais de austeridade, as organizações sindicais portuguesas não têm nada a contrapor, senão o protesto desvinculado e desvinculativo, nenhuma mensagem coerente a transmitir. E é somente por isso que nos não mobilizam. Não têm moral porque se acomodaram e defendo o comodismo e as acomodações. O envelhecimento e envilecer do dirigismo sindicalista português residiu no modo como pactuou com os erros e irrealismo dos últimos governos, aceitando sentar-se a uma mesa mentirosa e viciada à partida, com a qual deveriam ter rompido para declarar o embuste, para alertar as populações sobre a Mentira em decurso. Capturados e comprados, por que não dão lugar a outros, ao novo?!
Comments
Acho que aprendi com o meu pai. Funcionário público, pouco mais ganha que o salário mínimo. Muitas vezes fez horas extras até às 21h, muitos sábados (quando havia trabalho) foi-os trabalhar, nem que fosse por conta própria. O resto do tempo, enquanto não escurece, passa-o a cultivar o seu campo e a tratar dos seus animais. À noite têm o seu descanso, janta, vai beber o seu café e volta a casa para ver os seus filmes e séries na tv. Amo-o profundamente.
Posto isto os sacrifícios são imensos (especialmente para a classe média endividada), se não forem feitas reformas estruturais, se os vários processos de clientela existente não forem atacados, estas medidas servirão de pouco. Estaremos cá para analisar e ver o que sai deste Governo. Há sinais negativos nesse ponto, mas a paciência ainda não atingiu o limite
Quanto a mim, para o ano, o ano de todas as crises, fruto da minha poupança vou fazer uma grande viajem para comprovar a mim mesmo que os sacrifícios que fiz valeram a pena. Gastar sempre menos do que se tem, foi algo que aprendi de pequeno. Gastei muito menos do que tinha. E se não fizer a viajem do meu sonho, agora, corro sempre o risco de que aquilo que penso ter desapareça :D
Em Moçambique quando acontece um cataclismo e as casas esvaem-se, os locais voltam a reconstruir. O mais importante é isso, reconstruir Portugal com base mais sólidas. Esperemos que o governo tenha essa preocupação e não se fique pelo "normalização" do déficit.