AUTOEUROPA A CAMINHO DA AUTOÁSIA

Talvez a falta de credibilidade dos Governos espante o investimento externo no nosso país muito mais que o preço da mão de obra. Em Portugal, o custo da mão de obra é ridículo. A fuga do empresariado aos impostos é fabulosa. A pobreza, galopante. Os trabalhadores da Autoeuropa, apesar de qualificados, esforçados e produtivos, não são asiáticos ou orientais para serem explorados dentro daquela rentabilização que assassina economias enquanto obtém lucros. Geridos por estrangeiros, mostramos de que Luxemburgo somos capazes. Mas isto pode não chegar. O certo é que se contarmos com a mesma perícia extraordinária neste dossiê revelada pelo Ministro Pinho com a semidefunta Qimonda, isto enquanto descansa de comentar e deturpar MFL atirado como um caniche pelo sr. Sócrates, podemos descansar que os postos de trabalho estão, da mesma forma, 'salvos'. Nada poderá impedir que a Autoeuropa se transforme a curto prazo numa Autoásia. Nada! Muito menos um Governo pródigo em tantos naufrágios negociais, estranhos afundanços e esquisitos fracassados investimentos (Pelamis; Energie). Estamos expostos à lógica de um tipo de globalização-competição oportunística que no fim de contas poderá arrasar a Europa periférica west-coastiana Portuguesa, alienada, gastadora-Cancun, desmanteladora do tecido produtivo, injusta a retribuir. A ameaça está feita. Foi acenada. Nada será como pinta o discurso oposto à realidade e que embala a idiotia nacional desde há quatro anos: «O cenário que se abre, neste momento, face à ruptura negocial entre a administração da VW Autoeuropa e os trabalhadores, é difícil e de risco, num contexto de crise internacional.»