FERVILHA UMA ÂNSIA DE REVOLUÇÃO


Instalou-se um Clostridium Difficile devastador e mortífero na nossa Democracia. Medra uma baba demagógica corrosiva, um fingimento de acção e visão do País, na verdade abandonado aos bichos da Mentira e do Oportunismo precisamente nos que apodam os demais de oportunistas. Em apenas quatro anos, os problemas criados pelo Poder Político e pelo seu associado, o Dinheiro sequioso por mais Dinheiro, são superiores aos resolvidos. O Dividir para reinar instituído por Sócrates não salva o seu Governo incompetente mas destrói Portugal na crispação e no desespero que alastra por incúria administrativa. A falta de uma cultura de participação, de pluralismo, de debate interno multidisciplinar e multilateral, abre caminho para o desenho do Quero, Posso e Mando nas mãos de Impreparados Crónicos, Improvisadores Natos, Autocratas com Presunção Proporcional à própria Incompetência, a começar pela incompetência democrática chamada desprezo dos cidadãos. Um Primeiro-MInistro sempre zangado e anunciativo no Parlamento, de estilo Absolutista, Escarninho dos demais, incapaz de reconhecer uma boa ideia se alheia, basicamente é estarmos entregues à estupidez sem remédio. Nem Durão Barroso na Comissão Europeia nem os líderes sucessivos que assumiram a pasta de Primeiro-Ministro puderam fazer ou souberam fazer algo de indelével, inteligente, no sentido de colocar Portugal na senda da riqueza e do crescimento. Muito pelo contrário. Sem uma visão estratégica adequada às gentes e necessidades portuguesas, improvisaram caminhos de submissão a directivas estranhas, aplicando a eito um dictat económico vindo de fora, favorecendo circularmente os mesmos abancados do Regime. O modelo de capitalismo aplicado em Portugal vem de fora, uma forma extremada de pseudo-reformismo a qual ao mesmo tempo que pressiona o privatizar a eito, extingue empregos por força do argumento largo chamado racionalização de custos e automação, não os pode repor defendendo as populações da miséria progressiva: quando as Máquinas sucedem aos Homens e o Lucro de poucos condena as Famílias de quase todos. Por causa de essas atabalhoadas políticas imorais e da avidez imediatista dos verdadeiros dependentóides do Estado, agravam-se os piores sinais de decadência do País, da perda da soberania logo na singela questão da independência alimentar. O desfasamento dos políticos em relação às Gentes assim como o envelhecimento e repetência por décadas dos mesmos nos mesmos lugares de eleição condena-nos. Uma legislação de excepção para políticos e partidos, uma lógica de reformas milionárias para um núcleo pesado e vasto de mais para o País que temos, embora aparentemente restrito no número de beneficiários vitalícios do Regime, tudo isto associado a uma lógica esbulhatória nas políticas fiscais, escavacando de parco desempregados, precários, pobres, classe média, cavando um empobrecimento compulsivo das Pessoas, todo este cenário augura que a geração revolucionária dos nossos avós e bisavôs regresse com uma fúria nova para repor equilíbrios e bom senso. Os bisnetos de Afonso Costa e Costa Gomes insurgir-se-ão contra o caminho em que persiste o capitalimo universal. As Políticas são inadequadas e imorais, mas a depravação de alguns políticos também é chocante: Sócrates bateu todos os recordes da sapateirice com os métodos divisores desastrados da sociedade, com a sua forma displicente para com as pessoas concretas, pelas palavras opostas aos actos, pelo vício dos actos performativos meramente externos, simulacros, negócios falhados, espectáculos degradantes e deprimentes com vista à manutenção de um Poder sem méritos nem outras ideias senão o deixar rolar. Outra marca radical não nos deixa esta fase final da III República senão os que dela beneficiaram nababa e privilegiadamente como Mário Soares. Desactivando a mando externo a economia nacional e as saídas de emprego e sobrevivência, os decisores condenaram-nos. Se aos aspectos inovadores e rançosos da I República de Afonso Costa sucedeu uma versão diversa na II República, com a esperança de reposição dos valores da direita no 28 de Maio de Gomes da Costa, hoje, é a entropia. Caduca e fenecida, a III República tem já pouco tempo de agonia antes que novos movimentos e rebeliões venham colocar um basta ao grande fingimento de Acção que pontua os últimos governos constitucionais.

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