PGR, O CONTADOR DE ANEDOTAS

Perdurou por demais precisamente a suspeição. Como ninguém se toca, entre a agremiação que protege e sustenta a imoralidade personificada no caso das pressões, o PGR continua a contar anedotas bem intencionadas que fazem rir de Portugal o mais ridículo riso amarelo. Há muito se sabe e é óbvio que a fonte de rendimentos proporcionada pelos cargos ocupados por socialistas se sobrepõe largamente a qualquer outro pormenor que escandalize o público, os cidadãos, os comentadores, os especialistas. Esta legislatura tem sido pródiga nesse Mau Exemplo precisamente com o qual agoniza o Regime. Na verdade, o exemplo dado por Dias Loureiro e até pelo sr. Sócrates, arrolado que está em tanta e tão grave trapalhada curricular fedente, frutifica e enche de pútrido o já pútrido ambiente na vida pública portuguesa. Ninguém se admire que a III República seja olhada por vastas camadas da população portuguesa como um abutre olha a carniça. A III República não está ferida de morte. Jaz e apodrece. Que o Brasil o saiba também e se espalhe por toda a parte onde a pátria é a Magnífica Língua Portuguesa: o Regime Corrupto Português em vigor, como qualquer outra famigerada república mal cotada centro-americana ou centro-africana, está morto e aguarda enterramento porque nem enterro lhe fazem. As instituições morrem. A Nação e o seu Povo ficam: «O procurador-geral da República (PGR) de Portugal disse hoje, em Brasília, que a decisão de afastar a cooperação do Eurojust do "caso Freeport" visou "evitar qualquer suspeição", ressalvando que a medida se restringe a esta investigação.»

Comments

Anonymous said…
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa

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