MICHAEL MARTIN FOI PRESSIONADO


Os tempos políticos vão cheios de pressões que nos impressionam. Boas e más pressões misturam-se e confundem-se. As boas pressões provêm geralmente dos cidadãos, de grupos de cidadãos, com uma opinião formada, assente em investigação jornalística independente, ousada, incisiva, em todo um trabalho de evitar fique sepultada a verdade relativa a factos que lesam o público, prejudicam os contribuintes, maltratam a cidadania. As boas pressões podem ser bem fundamentadas, desejosas de repor lisura, transparência e um módico de prestígio em quem nos representa, caso tal transparência, prestígio e lisura se tenham esboroado ou pura e simplesmente nunca tenham existido. As más pressões, pelo contrário, provêm dos poderes e dos interesses instituídos. É tirânica. É ditatorial e não olha a meios para soterrar a verdade e os factos de um abuso, de um erro, de um ilícito. O poder político, quando em mãos imorais e desconhecedoras de qualquer código de honra onde a primazia vá para a ética mais elementar, pode pressionar ilegitimamente magistrados com processos que arrolam o nome de políticos e pode fazê-lo graças a uma cadeia de dependências onde pontifica a gratidão política por cargos bem remunerados, colocações e nomeações bem pagas, posições de favor político que se retribuem com fidelidade canina e devoção canídea. Lopes da Mota não é Michael Martin. Foi o testa de ferro de pressões políticas inadmissíveis sobre colegas. Isto é público. A continuação de Lopes da Mota no Eurojust insufla desprestígio e vulgaridade ao nome de Portugal para além dos problemas económicos que nos sobejam e da incapacidade de mobilização dos cidadãos numa direcção estratégica determinante e séria por líderes com o devido calado. Em quatro anos, nem as amizades cúmplices Pinho/Sebastião, nem a perda de autoridade de Maria de Lurdes Rodrigues face aos professores, nem as sucessivas trapalhadas curriculares do sr. Sócrates a custo e sob chantagem reveladas, originaram um gesto fosse a quem fosse à Michael Martin. A falta de vergonha veio para ficar. O Governo perde autoridade e credibilidade na proporção do tempo que passa sem que algo aconteça que anule o mal-estar instaurado e um cliem de espessa desconfiança. Com Santana Lopes aconteceu qualquer coisa de muito estranho e oposto a tudo isto patrocinado pela avidez do Poder que mora neste PS democraticamente grotesco. Era preciso um Cristo político da Credibilidade para padecer por todos. Santana, acossado por todos os lados, era a presa perfeita. Era preciso concentrar e forçar toda a mediocridade e toda a culpa num só. Santana estava a jeito. Demitido por dá-cá-aquela-palha comparado com a realidade actual, com a sua 'morte política' Santana lavou de todos os pecados uma classe depois aparentemente ressuscitada e vestida de branco com a ascensão torpe de Sócrates, pomposo agente de verve espectaculosa e improcedente. Neste momento, sabe-se que ninguém ressuscitou e coisa nenhuma se regenerou. Afinal a putrefação do Regime, da 3.ª República, supera de longe o pequenino facto que transformou Santana em bode expiatório à mercê da visão embaciada e lobista de Sampaio. Um PS com maioria absoluta afinal apropria-se do Estado e paquidermiza o exercício do poder. Nada mais perigoso que o PS. O dinheiro do Estado torna-se, à boa maneira da fuga para a verdade de Elisa Ferreira, no dinheiro do PS. A sordidez e a falta de respeito por leis e pelos cidadãos converte-te numa realidade insidiosa todos os dias constatada. O Medo e a Chantagem tornam-se novamente linguagem do Poder e dos pequenos poderes devedores do Poder, aqui e ali sussurrada pelos mais pequenos, pelos mais pobres e impotentes. Tal Poder assim praticado vicia e, quando vicia, deixa de ser o suposto serviço límpido aos portugueses, serviço indiferenciado e generoso, para passar a ser pura canalização de favorecimento ao Grande Partido Despesista dos Mercedes e outros carros topo de gama em grande número estacionados à entrada do Congresso de Espinho. E é preciso o presidente do Parlamento Inglês vir dar o exemplo a Portugal, demitindo-se, para se perceber que demitir alguém ou alguém se demitir, quando o clamor é geral por ser geral o mal-estar, não dói. Faz parte do processo democrático. Decorre do 2+2=4 dos factos consabidos e que carecem reparação. O que dói é cavar-se uma desconfiança monstruosa entre cidadãos, eleitos e os representantes do país nomeados, designados, indigitados. Os eleitos devem cair em si e pensar que Portugal não tem vocação para aturar autocracias de espécie nenhuma, nem estilos impositivos, nem oprimências dirigidas, nem estigmas e castigos escroques sobre classes profissionais, uma após outra após outra. Nem tentem! Sapateiro a tocar rabecão, esta legislatura já foi longe de mais: «O presidente do Parlamento britânico, Michael Martin, disse hoje que se vai demitir a 21 de Junho, depois de o seu desempenho ter sido posto em causa devido ao escândalo de apresentação indevida de despesas por vários deputados.Uma moção de não confiança no presidente da Câmara dos Comuns foi apresentada por 23 deputados de vários partidos e esta é a primeira vez em 300 anos que um líder do Parlamento britânico está a ser pressionado para se demitir.»

Comments

Karocha said…
É como eu digo Joshua!
Corrupção, existe em todo o lado, lá fora têm vergonha e demitem-se...

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