SÓCRATES NÃO É BUFO


A brincadeira peninsular dos comícios inter-PS's, o espanhol e o português, além da comédia de revelar o portunhol de extrema comicidade socratesiano que se soma à tragédia do inglês atípico, revelou-se amarga para a imagem de Zapatero, reconhecidamente impoluto, embora revelado como 'desastrado' com o modo como a Crise flagela-lhe o povo e a imagem do Governo internamente. Não tendo no currículo vapores de suspeição como os que albega em grande quantidade Sócrates, Zapatero tem agora este embaraço do uso de um aviãozinho, o Jacto Falcon, para serviço partidário, o que estava reservado para serviço exclusivo do Estado Espanhol. Juno e a Nuvem. Depois das nulas justificações de Pinho* por ter improvisado usos abusivos e caríssimos do Falcon das FA, nota-se só agora contenção porque a hora é a de cometer o mínimo de erros, o mínimo de escândalos, para além de quatro anos cheios de ambos. Pior, a companhia de Sócrates no fim de contas embaraça qualquer um menos avisado. Certamente que da próxima vez Zapatero não se deixará enganar pelo português que lhe garantira que, tal como acontece em Portugal, nestas coisas, 'no pasaría nada'. E agora, mantendo-se calado sobre toda a verdade do Falcon espanhol no qual regressou a Coimbra, Sócrates conserva-se igual a si mesmo: incapaz de bufaria contra o camarada. A sua especialidade é mesmo pressões, não bufarias. E claro, é dar largas aos seus indefectíveis apoiantes e servidores para que desencadeiem processos que façam dos outros bufos, sobretudo alunos ex-portadores de ovos (recorde-se Fafe) e apodos radicais (recorde-se o aftermath da assuada na António Arroio): «O gabinete de José Sócrates não esclareceu como regressou sábado a Portugal o líder do PS para participar no comício em Coimbra com o seu homólogo espanhol, José Luis Zapatero, depois de ter participado num congresso do PSOE em Valência, noticia hoje o semanário “Sol”.»
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*«Admiro a gelatinosa coluna vertebral dos que apesar de provarem constantemente a sua incapacidade e incompetência não se demitem. Admiro-os quase tanto como admiro os que sendo responsáveis por eles não os demitem com receio de admitirem o seu rotundo falhanço. Uma viagem de Falcon do ministro da Economia à Alemanha, em Dezembro de 2005, para visitar a Volkswagen, nunca foi paga à Força Aérea. A factura, no valor de 19.561 euros, foi enviada pelo gabinete de Manuel Pinho para a Agência para a Promoção do Investimento - API - mas Basílio Horta recusou-se a pagar. Pinho reenviou-a à API e a agência reenviou-a ao Ministério. Agora ninguém sabe onde está a factura. (...) Ordem para calar Manuel Pinho, que passou a semana a acompanhar Cavaco Silva numa visita oficial à Alemanha, deu, mal chegou, instruções ao seu gabinete para que não comentasse oficialmente o assunto. (...) Mas esta não terá sido a única factura que Manuel Pinho deixou por pagar pelas suas viagens no jacto oficial. Em Julho de 2006, uma nova deslocação do ministro de Economia, também de Falcon, não foi paga. Desta vez o destino foi uma fábrica do grupo Ikea na Polónia que se viria a instalar em Portugal. Na altura, a deslocação foi requerida via Protocolo de Estado, mas Pinho, os seus assessores e um jornalista foram os únicos ocupantes do jacto. A factura de 22.985 euros que custou esta viagem está por pagar até hoje. O Ministério da Defesa também confirma. Cada hora de Falcon custa à Força Aérea cerca de 600 euros. O Expresso sabe que a FA tem um total de cerca de oito milhões de euros a haver em viagens e serviços ao Estado. Expresso Ângela Silva e Luísa Meireles»

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