O CRISTO DOS CORRUPTOS ANÓNIMOS
Com a sua via-sacra interminável, bem poderia Vale e Azevedo fundar a Associação dos Corruptos Anónimos & Repetidos. Quiseram de tal maneira fazer dele um caso exemplar que redundou apenas num Cristo crucificado no sector dos Muito Ricos Sabe-se Lá Como, alguém que haveria de padecer nos tribunais e nos calabouços eventuais (faltam onze anos!) por todos os demais trapaceiros milionários indevidos e fraudulentos nos negócios e na política. Após Vale e Azevedo, esse Cristo que paga por todos, nunca se viu mais nada. A fonte secou. A operação Furacão deu em leve brisa. O Freeport arrasta-se com os gravíssimos entraves e as ainda piores suspeições de encobrimento com pressões verticais e horizontais ameaças veladas, retaliações profissionais ventiladas serem da proveniência do Feroz e Imprescindível Líder, coisas já do domínio público, armações e boicotes no âmago do sistema judiciário. O asqueroso caso Cova da Beira arde ou ardeu com os ficheiros ilegalmente exterminados. Isaltino, rubicundo, ri. Fátima rejubila. Mesquita soma e segue. Valentim fuma o seu charuto imperturbável. País fabuloso, onde só Gonçalo Amaral ou um Ladrão de Galinhas ou um pobre casal de Erróneos 'Raptores' de um Gato Abandonado, mas com Chip, ouvem sentenças fulminantes, aceleradas, 'exemplares': «O Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, condenou hoje o ex-presidente do Benfica João Vale e Azevedo a um cúmulo jurídico de 11 anos e meio de prisão pelas diversas condenações já sofridas.»
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