VISÃO CORRUPTA E DECADENTE

Ainda que um povo embaído, comprável por um prato de lentilhas, e bronco! reincida votando nesta decadência que José Sócrates corporiza, há que dizer com frontalidade: haverá sempre quem resista a essa dormência, desistência e abandono aos cantos enganosos de sereia e ao efeito horrendo anestesiador das Propagandas. Hoje, o que a imprensa nacional fez luzir de glamoroso a imprensa espanhola ignorou sintomaticamente. Sócrates, com aquela treta habitual, foi falar um Merdanhol apoiante, em Valencia, Espanha. Entre um PM e outro, Zapateiro coloca num bolsinho o português apenas porque, ao que se sabe, não há nem uma migalha de merda curricular, de dúbio duvidoso no seu currículo político pessoal, obscuridades rançosas, pressões sistemáticas, e factos estranhíssimos em que só a TVI ousa tocar e face às quais parece que os cidadãos têm de encolher os ombros. Outra coisa diversa é a alienação zapateroniana dos valores fundantes e originários, alienação patente no seu discurso e actuação, valores que um dia possibilitaram a Europa e na ausência dos quais o Velho Continente nem é carne nem peixe, muito menos para levar a sério. E outra coisa ainda mais diversa são os «números de uma governação falhada» em todos os parâmetros, o que o irmana com o Ainda-PM nacional. Impossível, por isso, saber por que sorriem e que vantagem esperam do 'apoio' um ao outro. Por cá, as coisas deterioram-se a olhos vistos. Vaias, apupos são coisa pouca. Pior é a desautorização legítima, a desconfiança legítima, as murmurações legítimas que a rua tece contra este Poder apenas Zeloso por ser Poder, mas nada zelozo pelas gentes, senão em palavras vãs. O enfado dos que têm fome e todas as queixas e maus sinais anti-democráticos não auguram nada de bom. O desprestígio do Governo é um mal galopante e indisfarçável. Um Povo que compreenda que desde a primeira hora, este não passou de um Governo de Gestão, Controlo de Danos, Circo, Encenação Permanente, Fuga às Perguntas, não perdoará semelhante Farsa. O mau feitio do sr. Sócrates, além de ser mau e feio, é já famigerado pela perseguição à Opinião Livre. Desse estigma abominável não se livra. O seu sentido social é zero, promessas mentidas, palavras douradas. As suas malfeitorias políticas e económicas mil. Duvido que um Povo adulto caucione esta Podridão Pomposa onde as homilias se opõem à realidade, e as bojardadas sem efeito ou aplicação superam qualquer coisa de consistente. O sr. Sócrates profere frases deliciosas com muito teatro, muita coreografia, mas sem alma e ainda menor convicção, dada a prática habitual do nulo. «Velhinhos?» «Crianças?» «Jovens?» Precaridade. Precaridade. Precaridade. Desemprego. Ainda mais desemprego. Clientelas-PS. Cargos-PS. Benesses-PS. Sinecuras-PS. Perseguições-PS. Votar nisto?! Duvido. Espero, já nestas europeias, um claro reforço eleitoral do BE, do PCP e do PP, assim como a lucidez popular que aposte nos Movimentos Cívicos sem qualquer receio e nos partidos minoritários. Qualquer um é melhor que esta ilusão farsante obcecada com a própria imagem, lambendo-se de narcísico a cada instante. A pulsão abstencionista é irresponsável porque é preciso jogar com o sistema e torcer-lhe as políticas oligopolistas e cleptocratizantes na direcção do bem das pessoas, da realização das pessoas, votando. Criticar a malícia do Sistema, exigir que se humanize, isto é, que se cristifique, é a tarefa de todos. Cristificar o Sistema Político consiste em alcançar o extremo da diligência para com as pessoas, não com os seus caprichos, mas, no mínimo, desobstaculizando o curso normal e gratificante das suas vidas, removendo um Fisco Extorsionário, Removendo uma Justiça de Lóbis, capturada pelos interesses e por eles paralisada, expelindo Políticos e Partidos Venais e Corruptos que se perderam da sua instrumentalidade e, como Sócrates despudoradamente pretende, elegeram como Fim (o PS de Sócrates é a finalidade da Política para Sócrates, o Estado é o PS, o Dinheiro do Estado é o Dinheiro do PS), renegando assim o serviço ao Povo, pelo Povo, com o Povo, para usarem em seu favor os apetrechos e as instituições tradicionais e elementares da Democracia: «O primeiro-ministro português José Sócrates declarou hoje o seu total apoio ao "grande líder europeu, José Luís Rodríguez Zapatero", afirmando que a campanha conjunta dos socialistas espanhóis e portugueses representa a visão "progressista e modernizadora" da Europa[...] Afirmando fazer parte, com Zapatero, da "geração europeia", Sócrates disse que a "construção de uma Europa mais forte é necessária para construir um mundo melhor" e que as eleições de Junho "oferecem uma alternativa (...) entre uma agenda progressista e modernizadora e entre uma de direita que defende os valores ultraliberais e conservadores que tão mal fizeram à Europa e a todo o mundo".» Esta parte então é o nojo do Cínico elevada até ao extremo do extremo da hipocrisia.