EMÍDIO, O BADAMECO
Dissimulando muito o sonho de ter sido ele a vender-nos um Primeiro-Ministro como se fossem sabonetes, Emídio Rangel diz a Santana Lopes que defende Sócrates porque «nunca viu um Primeiro-Ministro ser tão violentamente atacado por medíocres, cobardes, vermes, comprados para a tarefa de o aniquilar nos jornais» e porque «nenhum Primeiro-Ministro no mundo, alguma vez, se sujeitou a tantos vexames, sem nunca mudar de caminho, sem nunca retaliar, sem nunca usar o seu poder para calar, acima de tudo, sem ceder à tentação de mandar tudo às urtigas e ir de férias». Eu não sei que planos e sonhos tem Emídio Rangel ou que lentes opacas usa, mas vejo e penso exactamente ao contrário. O Poder, a teta inigualável do Poder, é absolutamente tudo para Sócrates e para os socratinos. O apego cego ao Poder e a falta de vergonha são ali cultura suprema e intocável. Nunca vi um Primeiro-Ministro tão agressivo e insultuoso dos adversários e instituições políticas, ofensor do mesmo povo que o elegeu e reelegeu como quem cai no conto do vigário. Nunca vi um Primeiro-Ministro tão poderoso, tão desrespeitador da inteligência média, tão favorecedor de e apoiado nos advogados mais caros do Regime, Júdice e Proença de Carvalho, tão retaliador da piada contrária, tão castrante do pluralismo, tão persecutório da voz hostil, da crítica honesta, tão unilateral, tão farsante, tão vaidoso. O Poder é doce no Enrabadistão socratinizado. Férias é no Quénia. Lagostas é na Maiorca. Fatos caríssimos, na Califórnia. Há um tempo para as férias, saltando para o Conselho de Administração do BES ou da MARTIFER e viajar como de costume, e outro tempo para foder e rir, com aquele horrendo esgar, do pacóvio português completamente inconsciente do estupro. Todo o nosso mal é que sejam precisamente as urtigas da devastação económica, o caos-Babel completo nas Leis e na Ética, o fruto tosco do socratismo. Emídio, supremo badameco disso mesmo, bajula outros desígnios ao apologizar o Zero em Escrúpulos.
Comments
A mim parece-me que anda muito mais ... manso, digamos assim.
O drama de Rangel está exactamente no pânico de ficar órfão, por abandono de sócrates, de futuras benesses, adquiridas por bajulice.