PEDRO E JOSÉ FAZEM AMOR

O caloroso encontro entre Sócrates e Passos Coelho representa o Regime de calças na mão, expondo a sua nudez aflitiva. Representa também uma declaração surda de interesses comuns. Vai na mesma linha do enamoramento ocorrido entre Jardim e Sócrates, exemplares no armistício aos golpes baixos e à longa série de ofensivas verbais ou administrativas, imediatamente após a tragédia na Madeira. Estranhamente, no Portugal da decisão política, o amor cooperativo interpartidário só acontece in extremis. Simplesmente, in extremis pode ser extremo de mais. Após facadas fatais da Natureza ou na decorrência de graves ofensivas especulativas contra a dívida portuguesa provindas do exterior, a conversa fiada governamental e o silêncio ocultador socialista dão lugar à sofreguidão cooperativa com o outro partido regimental. Ontem o apelo lancinante de Teixeira dos Santos à válvula-bóia PSD. Hoje, sem mais delongas, Passos Coelho e Sócrates a fazer amor, sorrindo-se, beijocando-se, numa cumplicidade namorada do ponto de vista político. Todos querem parecer mais cooperativos que os outros, os mais abertos e sensíveis a um tipo de pluralismo participativo moderno até aqui posto na prateleira em favor da visão predestinada de um só cromo visionário eticamente estrábico. Como se nada fossem quaisquer guerras passadas, as palavras agora são bem diversas e bem claras. Trabalhar em conjunto. Cooperar: «...o PSD e o Governo decidiram trabalhar em conjunto para responder à situação de crise internacional e de “ataque especulativo” ao euro e à dívida soberana portuguesa.» Fantástico! Usurpadores e donos do Regime, os partidos da avidez mais depudorada sobre o aparelho de Estado, em 36 anos, farão agora todo o possível por salvar o seu modo de vida, tendo em conta que objectivamente o País nunca esteve em primeiro lugar. Se tivesse estado, nunca afundaríamos neste abismo. 

Comments

Foi aviltante ter de ver Passos Coelho estender o tapete vermelho às palavras de Sócrates e este proferir um discurso pró-PEC, contra os mais desfavorecidos portugueses... PS-PSD serão uma nova maioria quando Sócrates cair, repetindo o que sucedeu com Balsemão. Talvez por isso este tenha confirmado esta "colagem" ao saludar Coelho após a sua eleição. Este país é uma vergonha em 3 actos...!
É o garantir de tacho de parte a parte, do género "Epá, dá lá aqui uma mãozinha, senão isto qualquer dia não nem para mim nem para ti".
radical livre said…
«sobre a nudez crua da fantasia
o manto diáfano da mentira»

amanhã escrevo sobre cristãos iconoclastas
Zé Muacho said…
Notícias da Barbielândia
Washington Postas

Após terem conseguido a reforma compulsiva da bruxa que lhes derramava leite azedo sobre o há muito prometido leito conjugal Barbie e Ken, embalados por coros celestiais e música para fundos gostos, finalmente encontraram-se a sós. Antes, T. Solha, dedicado aio, entregou à nervosa mas esperançada donzela uma bandeja com o dote destinado ao noivo.

Após três horas de íntimo tête-à-tête, Barbie e Ken abandonaram a alcova com um ar cansado mas feliz.

Aos jornalistas, que ansiosamente aguardavam o final do encontro, por entre olhares lânguidos de cumplicidades adivinhadas, foram então transmitidas as importantes decisões que tinham tomado.

Disseram então que com vista a exorcizar as nuvens negras que têm pairado sobre o seu tão prometido e desejado casamento, irão partir em romagem; assim, após uma meditação junto a um parque eólico e do respectivo registo nos seus Magalhães, viajarão de TGV até um qualquer novo aeroporto.

Daí, num avião Embraer voarão até perto de um porto onde, por causa do furacão, embarcarão num submarino que os depositará num local livre de magos de Medina e onde o Sol já se pôs e a lua não tem face oculta.

Lá chegados, proceder-se-á a esconjuração de todas as cabalas e campanhas negras que os têm apoquentado bem assim como aos seus amigos; os oficiantes serão os prestigiados feiticeiros Pinto M. e Candinha A. sob a supervisão do super-sacerdote Noronha M; se bem executado, o ritual remeterá para o olvido palavras e siglas como BPN, BPP, Cova da Beira, Casinhas, Registoss da AR, Licenciaturas, Freeport, Parque Escolas, etc., etc. e a boda terá lugar a curto prazo.

E, assim dito, retiraram-se de mão dada.

Angelito C., padrinho de Ken, como sempre incapaz de estar calado perante um jornalista, apressou-se a afirmar que, assim a mesa esteja posta, regressará dos desertos do norte de África onde tem estado a jejuar nos últimos anos.

Cavaco S., presidente da Barbielândia, que se temia estar gravemente doente dado que nos últimos tempos as únicas palavras que conseguia pronunciar serem “não posso” ou “não devo” parece ter recuperado a razão; voltou a pedir bolo-rei e já se encontra de novo alcandorado na marquise de onde conta os navios que passam no Tejo.

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