TAMPÃO EM GENTE
Pinto Monteiro tem sido sintoma, sinal e parte do profundo problema de descredibilização democrática portuguesa. Representa o cadáver vivo das funções de neutralização-pára-choques que encabeça em favor de gente putrescente. O PGR não é um drama em gente. É um tampão humano. Contém danos. Está ali a inchar e a encharcar-se de problemas e estigmas por culpas alheias. Desprocura. Desinveste no que é são e justo. Intervém a favor do Primadonna por pressurosas palavras desastrosas ou omissões forçadas e desastradas: quatro meses só para enviar para Aveiro o material probatório destinado a ser destruído? Porquê? Passos Coelho acalmara as hostes que lhe eram menos favoráveis dentro do PSD e na sociedade civil precisamente quando veio reclamar a cabeça do desprocurador. O mínimo que se podia exigir. Fez-se ouvir alto e bom som em plena campanha pela liderança, enquanto os demais candidatos transigiam neste ponto sinalizando uma flacidez pouco recomendável. Presume-se que agora o silêncio ensurdecedor sobre tal matéria corresponda às razões pelas quais os políticos têm a tal fraca memória: vêem-se rapidamente absorvidos pelo Sistema a despeito do reformismo e independência que nos garantem representar. Fazem-se eleger por nos cantarem aos ouvidos a canção isenta que os cidadãos prezam. Depois são capturados pela lógica irredutível do poder e dos poderes estabelecidos contra as pessoas e apesar delas. O divórcio entre eleitos e eleitores começa aí, nesse meter o rabo entre as pernas contra a parte fraca nesta história. O desvalido cidadão.
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'o último a sair apague a luz'