LUTA EM PNEUS TIR

Toda a gente normal sente isto: que sob o cutelo de cortes, perdas de direitos, de rendimentos, sob franca perseguição fiscal, por mais que proteste, se indigne, faça greve, organize ajuntamentos, se mobilize, nunca resulta sensibilizar este Governo, qualquer Governo, para que retroceda do esbulho. Há muito não são as pessoas comuns a eleger os seus governantes. Há muito os governantes não estão ao serviço leal e efectivo das pessoas. São os poderes reais instituídos, do dinheiro e do acesso aos media, que elegem, põem e dispõem. Votar é um folclore minoritário. A falta de respeito por quem vota constitui suma cultura dos eleitos. Os poderes por detrás é que conduzem o gado nacional, o iludem e lhe exploram as tripas. Tais poderes garantem reeleições a quem os sirva com medidas e políticas favoráveis. São sempre os mesmos estômagos. Pense-se nos escritórios de advogados aos quais, por pareceres inúteis, para encher e fazer de conta, o Estado-PS paga milhões. Pense-se nas PPPs com sistemático prejuízo que depois pagamos na íntegra, pagando prémios de uma gestão-boa-merda. Pense-se na classe à parte a qual, por lamber cus, senta o lasso cu no histriónico Parlamento para exorbitar e nos atirar a factura, escarrando na sorte e situação de milhões. Pense-se em toda a família política que é posta a mamar nas velhas oportunidades, coisa em que muito relutantemente se quer mexer ao passo que a mexer connosco se apressam, num galope. Pois bem, há pelo menos uns senhores aí de novo para fazer o que só eles sabem e podem. O tamanho conta. A capacidade negocial também. Um dia, seremos mais fortes. Unir-nos-emos como consumidores, cidadãos e contribuintes. Determinaremos, unidos, boicotar quem nos explore, penalizar quem nos engane. Se formos milhões a dizer não a um chupa-chupa, ou a fábrica fecha ou encontra uma saída criativa, amorosa, para nos apaziguar a indignação justa. Seccionados por classes, por interesses, estamos condenados a ser escravos no já vil e apagado século XXI português. 

Comments

José Domingos said…
O sistema, reage mal, quando confrontado. Há sempre uma lei, para pôr o "esperto" na linha.
Deu nisto, o vinte cinco.
De qualquer maneira....

Na primeira noite, aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda, pisam as flores, matam o nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E, porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
(Vladimir Maiakovsky, poeta russo suicidado nos anos 30)

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