UMA COISA NÃO TEM NADA A VER COM A OUTRA

Isto de passar a não haver problemas com vistos e trabalhadores portugueses, ao chegarem a Luanda; isto de não haver represálias do Regime Angolano sobre pessoas que nada têm a ver com jornalistas gloriosos e beatíficos; isto de não haver melindres nem cenas forçadas entre um Regime e cidadãos que vão trabalhar para lá; isto de não ter o justo calado de pagar pelo inocente palrador e o certo pelo errado; isto de os cidadãos que emigram não terem de sofrer o ónus da má consciência do Estado e da péssima gestão dos políticos, é muito simples: basta ao Rosa escrever mais uma crónica acintosa contra o Regime Angolano que paga a milhares de portugueses a vida que levam por lá e tudo deslizará lubrificado com a sua moral superior, a célebre moral do Rosa, o imensamente compadecido Rosa, o Rosa por vezes em Paris, cidade onde cheira sempre ao mesmo tosco conspirativo. Certo é que os 19 portugueses, que à chegada ao aeroporto de Luanda foram encerrados à chave numa sala, onde coincidentemente foram acusados de terem vistos falsos, poderiam ter sido poupados. Devem, aliás, ter certamente pensado: «Mas por que é que o caralho do Rosa não ficou calado? Há-de pensar que estas viagens são grátis?!»

Comments

Anonymous said…
Mário Soares, enquanto Primeiro Ministro ('realista', mas não do socialismo do mesmo nome) disse um dia de Timor: "para quê tentar resolver a questão (legal) do Território? 'Aquilo' está lá muito longe; são apenas um punhado de ilhotas Indonésias". A frase foi-lhe atribuída e nunca desmentida. Depois, quando J.W.Bush pretextuou "Ditadura no Iraque e armas de destruição maciça nas mãos de um louco" para desencadear a bendita guerra de 9 anos naquele país, Soares avançou o argumento crítico de Bush: "dizer que o Iraque é uma ditadura não é suficiente; ditadores há muitos e não vamos derrubá-los todos fazendo guerra". Fora a centralíssima questão do petróleo, estes sábios conselhos, à partida, estão ensopados de bom senso e 'temperança' - mas são completamente incompatíveis com idealismos, esquerdismos, progressismos, comunismos, socialismos, 'liberalismos' e outras coisas que inflamam as mentes e os espíritos quando todos falam fácil dentro de um confortável salão, e em abstracto. O mais irónico é que Soares pertence justamente à categoria de pessoas "cujos ideais republicanos, socialistas e laicos" são geralmente mais do que suficientes para destravar acções, protestos e cruzadas libertárias - mais ou menos a propósito de tudo e de nada que vá surgindo 'no Mundo'. Ora todos estes pândegos contraditórios se têm esquecido selectivamente nos últimos 37 anos de denunciar e apontar os Países que nos vendem petróleo e outros bens como "ditaduras sinistras" - que é o que eles muitas vezes são. Centrar a questão no bendito programa-RTP e em Angola é compreensível por ser próximo de nós e coisa recente - mas não é razoável. Não tardarão a aparecer outros sururus à volta da China - que se prepara para comprar o pouco-Portugal valioso que ainda resta. O Bloco de Esquerda - veja-se lá - já bradou contra a China "por ser uma ditadura"! Ora a China deveria ser exactamente e justamente o modelo sonhado, almejado, choramingado, suplicado e ejaculado pelo BE: regime comunista de partido único; campos de reeducação e de 'tratamento psiquiátrico' para quem esteja 'deslocado da sociedade'; um ideal universal de igualdade; estatização plúmbea e incontornável; polícia (secreta) para caçar dissidentes e 'Inimigos do Povo'... O que está mal na China, afinal, para o BE? o dinheiro?
Angola não é uma ditadura sinistra nem de ontem, nem de hoje: é uma ditadura sinistra, comunista, marxista e venal desde 11 de Novembro de 1975; e contou com numerosíssimos 'criadores' e 'apoiantes' "desinteressados" desde a primeira hora do anti-fascismo selvático do pós-25 de Abril em Portugal: os nomes são conhecidíssimos e não vale a pena recordar. Para os paladinos da Liberdade e súbitos defensores da Democracia, do Povo angolano e da dignidade de Portugal, está-me cá a parecer que o seu mal é algum complexo de superioridade, agora muito ferido: uma espécie de racismo ao retardador, um acordar picados no seu amor-próprio de "conhecedores da verdade". Pois habituem-se.

Ass.: Besta Imunda

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