APRENDE-SE A GOVERNAR, GOVERNANDO

Ainda sou do tempo em que variadíssimos comentadores vinham para as TV defender a grande capacidade comunicativa dos Governos socratesianos: eram Governos que não brincavam em marketing político, que não brincavam em spin, que penetravam, com grande poder penetrador e hipnótico, os media com sucessivos sound bytes que depois entretinham jornalistas e cidadãos por semanas a fio. Hoje vivemos noutro paradigma completamente diferente. Temos um Governo cujos ministros e apoiantes dizem o que pensam sem caramelizar absolutamente nada. A verdade mais cruel, os factos mais graves, são-nos apresentados sem rebuço. Isso não agrada. O que me causa espécie é que os mesmíssimos politiqueiros, apátridas, facciosos, que andavam na crista da onda quando os aspectos mais periféricos da governação socratina eram elogiados, apareçam agora para censurar, neste Governo, a suposta impreparação. Mas impreparação para quê? Para colar os cacos deixados pelos socialistas? Preparados são os socialistas, está visto. Preparados para fazer merda. Mas com classe. Com estilo. Bem vestidos. Bem esfoliados. Gesticulando impecavelmente diante do teleponto. Foderam com tudo. Mas têm a comunicar ao País quem é que agora governa mal. Nunca vi, além de Carrilho e Henrique Neto, o mesmo número de críticas e a mesma liberdade para elas aquando dos consulados socratinescos. Agora temo-las. Internas, externas, jornalísticas, comentadorísticas. Não se fala nos responsáveis pela derrocada nacional, pelo naufrágio financeiro. Isso não. Critica-se o bombeiro. Insulta-se aquele que atira a bóia ou apaga o fogo. Seis meses depois, parece que se esperam todos os milagres do Governo Passos sem invocar por uma vez sequer os crimes de incúria e gestão danosa socratina. Ainda que este Governo seja incompetente, governe mal  o que os socratinos socialistas quiserem  nunca se diga que a verdade não é dita, que os problemas não são apresentados na sua nudez, que se ousa dourar a nossa pílula colectiva, empurrando a nossa tragédia com a barriga e com um optimismo de aluguer. Aprende-se a governar, governando e pode-se fazê-lo de boa fé ou com roina, com amor pelas pessoas ou com mero cálculo eleitoralesco. É muito difícil suportar a desonestidade intelectual e a politiquice de terra queimada praticada pelos socialistas, manada que corneia sincronizada. Para muitos deles, a conspirar malignamente na sombra, bastaria um simples mandato de captura e um processo simples por corrupção.

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