PENA CAPITAL ENQUANTO DESIDERATO LÍRICO

Tendo em conta a ingenuidade civil de democracias jovens, como a Egípcia, chega a ser poética a proposta de enforcamento feita pelos advogados de acusação no julgamento de Hosni Mubarak. A pena de morte para o antigo Presidente egípcio, para os seus dois filhos, Gamal e Alaa, e para o antigo ministro do Interior, Habib El-Adly, é deliciosa, qualquer coisa de inefável. O certo é que Mubarak reprimiu duramente o levantamento contra o seu Regime, manteve-se tresloucadamente irredutível, apesar de todos os sinais de fim de ciclo. Tornou-se responsável pela morte de quase 900 manifestantes no Cairo aquando da sublevação popular que levou ao derrube do seu regime. A tendência, infelizmente, é que a proposta dos divertidos advogados não passe de hipérbole, mas uma hipérbole que faz pensar. Do mesmo modo, se, por hiperbólico exercício de fantasia, os advogados de acusação do affaire Face Oculta propusessem quarenta vergastadas nas nádegas nuas de Vara, igualmente nu, e quatrocentas palmatoadas nas feminis mãozitas marotas de Sócrates e também nos glúteos, por conspiração contra o Estado de Direito, serviria para fazer pensar.

Comments

Miguel said…
Espero que não estejas a defender a pena de morte...
joshua said…
Naturalmente que não, meu caro.

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