ESPANHA, RASTILHO PARA O FIM DO MUNDO

Rapidamente a Espanha torna-se um barril de pólvora que fará ir pelos ares tudo o que apanhar pela frente. O resgate está por dias, mas a rua, por muito menos que os delírios dos borges, vai rubra, senão de sangue, pelo menos de raiva. Mesmo a questão finalmente agudizada da desagregação do Regime, com a iminente secessão da Catalunha, coloca-se como nunca. As turbas enchem as ruas de Madrid, apanhadas pelas consequências de anos de desvario aliás comum ao nosso. Rajoy governa a medo, esboçando fogachos de austeridade e de chantagem sobre os directórios europeu e do FMI, revestidas do velho embrulho castelhano que também não faltava a Quixote: o tonto orgulho ferido e falido. Mas como ostentar o velho orgulho fantasioso perante um desemprego a roçar os 30%?! Isto não é somente o efeito da sementeira do FMI, mas a crença enraizada por sucessivos Governos falsamente apodados de socialistas de que, fosse como fosse, logo se veria, pelo que governar para reeleições, com o olho nas rendas e privilégios advenientes do Poder, tornou-se o cerne e a razão de viver dessa linha socialista quer em Portugal quer em Espanha, variando apenas o grau de cara de pau e lata para insistir em dívida. Berlim e Bruxelas não agem. Ok. Mas o que fazer para salvar a credibilidade de instituições na Europa do Sul que nunca foram suficientemente democráticas nem transparentes e traíram os seus próprios povos, cobrindo-os do manto diáfano das Taxas, dos Impostos, das Fraudes, dos Saques Legais, de uma Oligocracia Instalada e bem Instalada?! Se eu estivesse em Berlim e me contassem um terço do que o Procurador Geral da República Pinto Monteiro é, fez ou não fez, em defesa dos cidadãos em Portugal, eu não teria qualquer vontade de salvar as instituições desse País, mas tudo faria por que se renovassem e regenerassem. Se, em Berlim, me viessem pormenorizar o que os Governos Socialistas dos Países da Europa do Sul, Portugal, por exemplo, fizeram ao longo dos anos, o modo como os políticos nos não representaram, nos enganam e traíram, nos esmagaram e exploraram, eu jamais mexeria um dedo para salvar instituições que de democratas nada têm nem merecem o nome. É a nossa Aristocracia Política e Oligárquica que anula o espaço de alternativa política e programática mínima e se obriga, obrigando qualquer Governo, a esta agenda de empobrecimento forçado. Enquanto os cidadãos apostrofam os respectivos representantes dessa Oligarquia, vagamente Governos, de “gatunos”, consagra-se a exposição e denúncia do espaço de mediação que deveriam ser e não são de representação democrática. O que se está a passar na Europa do Sul é uma purga. Se continuarmos por esta via, a austeridade rebentará com os simulacros de democracia que se pariram na Europa do Sul, os Regimes mudarão, as cabeças rolarão. No fundo, isto não se joga com François Hollande ou Merkel. O terreno que a austeridade pisa é o das fraudes impunes, dos BPN, das PPP, dos monopólios EDP, e todos os confiscos que inventaram para nós e nos colocam para pagar: mas como tolerar que paguemos anos e anos de desmandos que tivemos, excessos que não cometemos, obras ruinosas que não aprovamos, roubos que não perpetramos?! Mudar a política europeia passaria por mudar a merda da política dos Países do Sul [castigando e impondo cortes à própria Oligocracia] e talvez programas que não estão a resultar resultassem. Os fanáticos socialistas e os cínicos socialistas - tantos as pessoas como as instituições vêm clamar, e com razão, contra o Curativo da Troyka, mas na medida em que os preocupa a vigência de Regimes que falharam, a vigência de um statu quo imutável que salvaguarde a mesmíssima Aristocracia Política que nos trouxe ao Abismo, merece rechaço popular e arruadas. eu não tenho medo de mudar de Regime. Não tenho medo de resistir à receita cretina e covarde dos Governos-Troyka. Faz todo o sentido que se mate o mal pela raiz na Europa do Sul: aprofundar a democracia, dizer não à manutenção das PPP, de todas as rendas e privilégios intocáveis. Acho que a Europa do Norte veria com bons olhos que os Governos do Sul trocassem mais impostos por aqueles cortes para os quais não parece haver qualquer coragem e, pelo contrário, autorizam as receitas brutais e assassinas dos borges, sem que se toque um dedo nas decisões criminosas, ruinosas, que bastos decisores políticos nos legaram.

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