ROUBOCRACIA E LIBERAL-EXPERIMENTALISMO

Em conversas com amigos, de um lado sociais-democratas, do outro socialistas, convergimos em execrar expressamente o neoliberalismo ou, no fundo, veteroliberalismo, patenteado talvez nas medidas mais secas e desumanas do Governo Passos. O problema é que, após um certo vazio de valores morais, cívicos, humanísticos no exercício eleitoralista do Poder, coisa que pautou os últimos Governos socialistas reduzindo-os à manobra de enganar pelo máximo de tempo possível toda a Opinião Pública, venha uma corja de ex-assessores desse mesmo saque, desse mesmo ludíbrio, gente que vogava ao sabor do refrão do momento, colocar-se do lado dos oponentes a tal concepção neoliberal da política, da economia, da vida civil. Há muito nos damos conta de que a democracia em Portugal não é uma Democracia em Portugal. Um Regime que protege e ampara parasitas, como Soares e muitos outros, e os faz prosperar contra nós, não é uma democracia. Não estamos representados pelos que contra nós, contra os interesses e a prosperidade do Povo, assinam negócios tão horrendos, tão danosos, tão criminosos, que, dir-se-ia, só possíveis por animais que matariam a própria mãe para viver depois em luxo e prazer parisienses o resto da vida. Que me importa ou me vale que o pessoal rasca socratista se bata contra os liberais e os tecnocratas, se lhes abriram a porta com a sua Despudorada Roubocracia?! Daí esta desilusão com um Regime que deve morrer para que o Novo surja. Abominar este Regime refundado no 25 de Abril agudiza-se e fundamenta-se na injustiça que se impôs e prevalece, uma vez que os partidos não esgotam nem exprimem todas as moções de uma sociedade plural. No caso português, a nossa crise económica só é simultaneamente regimental porque foi o Regime que permitiu dois Governos-PS que cavaram de modo insano e criminoso uma dívida pública colossal. Depois, quando a confiança interna e externa no último desses Governos de Rapina se esgotou completamente, veio Passos Coelho com o seu manual reformista-violentador, levando tudo a eito, reeducando a frio uma sociedade atirada para a subsidiologia e para crostas de interesses instalados. O mal disto, sinceramente, é que seja sobretudo o Povo, as Gentes, a pagar e a levar com cortes cada vez mais brutais, mas não todos quantos, pesando no Défice, sempre abocanharam não despicienda parte dos Orçamentos. Em Democracia, e a Democracia não está em causa numa mudança de forma de Regime, o exercício do Poder Executivo não deveria abrir as portas a ladrões sem o devido castigo ou mecanismos de evacuação. Ladrões que negociaram contra os interesses dos Contribuintes com comissões pessoais por cada uma das decisões a favor do Privado, como os Governos Sócrates, que governavam em festa, impantes de soberba e autismo, que substituíam o diálogo e a audição da sociedade civil pelo amiguismo e o favorecimento da própria clique e de quantos se vendessem vendendo uma opinião favorável ao preclaro líder e iluminado partido, enquanto na verdade a degradação económica e a insustentabilidade do Estado lavravam num fogo silencioso. Uma das piores consequências disso foi a chegada depois de um bando de Zelosos de cartilha dogmática em riste a salvar-nos dos efeitos de um tal consentimento em Ladrões Negligentes, impondo novos fardos insuportáveis à inofensiva maioria. Só um Rei, uma Justiça despartidarizada e desparasitada, um Parlamento aberto e imputável, deputado a deputado, e uma sociedade civil vigilante e exigente, poderiam defender-nos da vileza, da demagogia, de processos charlatães do tipo socratismo. Também dispensamos o experimentalismo neoliberal à bruta. 

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