PEC, PEC, PEC, PEC
Com os socialistas, Portugal ficou numa situação de fragilidade negocial, em 2011. O PEC IV nunca teria resolvido absolutamente nada depois de o Governo Socialista ter absorvido tamanho financiamento-dívida-dinheiro alemão com a dívida pública a galgar o limiar da pagabilidade. A necessidade de chumbar o PEC IV era a necessidade de cortar o ciclo vicioso da descredibilização completa de Teixeira dos Santos e do próprio Governo ferido de morte com as derrapagens hemorrágicas de 2010. Chumbar o PEC IV representava chumbar um Governo que tão maus e desastrosos desempenhos perpetrara, mesmo na sua fase terminal, onde nem PPP rodoviárias deixaram de ser assinadas nem contratos de luxo na Parque Chular. Não tínhamos alternativa ao resgate e à Troyka. A saída unilateral do Euro equivaleria a uma declaração de guerra com perda abissal da nossa credibilidade externa e a redenominação da nossa dívida equivaleria ao Terramoto de 1755 com ondas de choque a nível planetário e miséria galopante garantida para a maioria da população que, entretanto, não tivesse debandado para fora a jangada desconjuntada nacional. A má posição negocial a que alude Gaspar é, pois, consequência do grande acocorar nacional anterior ao resgate. Hoje o PS opõe-se violentamente a si mesmo e não integra qualquer ímpeto reformador, por mais instado que seja quer pela Troyka quer pelo Governo. Quinze anos sem crescer, acumulando défices estruturais, o Regime estava num impasse — nada melhor que a oportunidade do resgate e da Troyka para mostrar serviço, demonstrar boa-vontade e boa-fé aos mercados e ao centro da Moeda Única. O PSD continua, apesar de tudo, socialista dado o absolutismo fiscal que pratica, numa Europa que busca sobreviver ao neoliberalismo chinês-indiano, tendo de encontrar uma via inteligente e inovadora. Passos Coelho faz o que lhe manda a Troyka. A social-democracia em Portugal, tal como o socialismo, geraram bancarrota, corrupção política, estagnação e desemprego e aí radica parte da nossa fragilidade negocial de ontem. Hoje, pelo contrário, a nossa posição robustece-se, doa a quem doer.
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