DERROTEM-NO EM ELEIÇÕES. OU NÃO.

O cão conveniente de todas as culpas, o alvo privilegiado de todas as setas é Passos Coelho. Tão justo quanto a raiva gratuita que esta tarde uma ou outra hoste futebolística tenha ou não razões para vazar razias e desculpas. As medidas que o directório da ingerência troykista visa implementar em Portugal são de tal modo contorcionistas quando comparadas aos cenários pré-eleitorais de 2011 que não há como fugir de um certo nível de escândalo: ontem, José Adelino Maltez, se tivesse uma arma, disparava contra os delegados nacionais de Berlim, à conta do que se prepara ou é possível nos cortes das pensões actuais em pagamento. Todavia, nada se faz ou manda fazer sem a efectiva e fática-phátis pressão e aval da Troyka, pelo que, como não a elegemos, pois só o PS votou nela e fez por ela, devemos derrotar Passos nas próximas eleições. Até lá, deixem-no trabalhar, isto é, obedecer à Troyka.

Nem Cavaco pode opor-se à linha reformista que a Troyka ensaia e comanda em Portugal. Portugal, que País perfeito para uma experiência sócio-económica revolucionária: puxar a rede social que sustinha misérias e desatinos em apenas um par de anos! Que façanha! Que gueto ilustre, onde o egoísmo e a lei de quem rapa mais, sempre governou e desgovernou a seu bel-prazer, especialmente após décadas de chupalismo!

Não haveria jamais País mais manso e perfeito, no Continente, para mudanças destas. Algo que o resto da Europa, com a lucidez dos desafios colocados pela globalização, apenas sonha concretizar, seja na lógica laboral, seja na lógica social, pensões, subsídios. Passos pode ser derrotado nas próximas eleições. Até lá, disponhamo-nos a engolir todo o comprimido elefantino que a Troyka e os Burocratas de Berlim-Bruxelas nos queiram enfiar pela boca e, com sorte, pelo cu, o qual, como se sabe, pode sempre, sempre, com mais um bocadinho, segundo eles. 

Passos conquistou o Partido porque o Partido, partido, seccionado, fracturado por Pachecos, Baronesas, Duques e Plebeus, não tinha nada a perder. O certo é que a bestialidade de Sócrates, apesar dos elogios tecnológicos e renováveis que se lhe façam, começou por ter Passos como aliado inicial, péssimo sinal. Sócrates não era mau. Era a peste no plano do carácter e a calamidade no estrito plano da política. Daí que toda uma sociedade farta de passes circenses desatasse a execrá-lo e a caluniá-lo com os factos curriculares e com a verdade dos efeitos nas contas públicas que a covarde Justiça, ajoelhada diante dos Mesquita Machado e por algum tempo diante dos Isaltino, não ousa levar até às últimas consequências.

Se Passos hoje é odiado por quem se vê esbulhado às fatias, por quem se vê comprimido na perda de poder de compra, na redução sentida e pressentida de reformas e pensões, esse ódio difuso é completamente diverso daquele, espesso, bruto, que se sente por um tirano, por um abusador, por um manipulador, por um mentiroso compulsivo. Passos mente por necessidade e em função do programa oculto nos corredores do BCE. Sócrates mentia conspiradora e obscenamente por se conservar à tona do lodo em que o exercício do Poder consistia para si, controlo de todos os Teixeira dos Santos que coubessem na sua lingerie. Passos mentiu timidamente antes das urnas e actuou, mal se viu na incumbência actual, no sentido inverso das palavras eleitorais. Sócrates, não. Sócrates era e é a mentira incarnada, ambulante. Aldrabou alegremente até ao estouro final. E hoje inexiste numa TV para quem ninguém tem pachorra.

Cavaco, encafuado e chantageado todo o primeiro mandato, pactuou com Sócrates muito além dos limites do bom senso e do interesse nacional: deveria ter dito: que se lixe a reeleição, fora com o ladrão. Depois, eco de um desagrado transversal sem Direita e sem Esquerda, deu o sinal para que um Governo Absolutista Favoritista Devorista pudesse ser derrubado. Foi tarde. Era como se o Partido Socialista tivesse uma pneumonia multirresistente a processos democráticos internos e ao mínimo de pluralismo, dando passagem plena à opressão da mentira e à ilusão maricas da imagem pela imagem. Toda a corrupção instalada não poderia ser corrompida adicionalmente. E nenhuma campanha negra trouxe satisfação na grande arena mediática inconsequente, num sistema que prende os esfomeados e liberta os sujos e obscenos do enriquecimento criminoso. 

O maior escândalo na Presidência da República foi o tempo de vida dado indevidamente ao Embusteiro Absoluto. Hoje, a reforma do Estado por que se clama há décadas e a covardia dos políticos, incluindo Manuela Ferreira Leite, inviabilizou, está a ser cinzelada à bruta. Derrotemos Passos nas próximas eleições. Ou não.

Abrir hoje uma crise política é fazê-lo no pior momento possível para o interesse nacional. Desfalcados de Europa, privados da solidariedade incondicional do núcleo rico que é todo o Norte Europeu, a sociedade vive em terror e numa intuição de prudência. Ora, quando os socratistas [os galambas e os anónimos incógnitos da conspiração perpétua socratista] almejam por sangue nas ruas, por um PCP, um BE, sindicatos numa furibundice e num rancor à solta nas ruas, já se percebe o caminho estreito que nos restam. Se os socratistas, os merdas, os ávidos, os facciosos, os filhos da puta, os paneleiros, os alternadeiros valupi, acham que cabeças partidas nas praças, ossos partidos nas vielas, vociferanço nas ruas, isso é que  mudaria radicalmente o nosso estado de constrangimento sistémico, estamos conversados acerca dessa peçonha.

Vivemos hoje o duro paradoxo da recuperação da credibilidade do Estado Português e do empobrecimento superssónico das franjas mais frágeis da sociedade, especialmente por via do desemprego com consequente encosto de filhos e netos aos pais reformados. Por um lado, passos sucessivos no regresso consistente aos Mercados, ainda que com a respiração assistida pelo BCE. Por outro, a minha fome, o meu frigorífico vazio, a minha penúria, o meu desemprego, os dias pardos, sós, limitados, tristes, o drama de não haver dinheiro e não haver mais vida para além da crise, para além da dívida, para além do défice e dos desequilíbrios estruturais cavados na última década.

A situação actual não é duas ou dez vezes mais grave que aquela que verificámos com o colapso do Estado Português em 2011. É o que é. Para nós, para gregos, irlandeses, espanhóis e mesmo os franceses, pois o paraíso político que os merdas, os paneleiros valupis nos oferecem dependurado do carisma pólvora seca do seu deus fedorento só existe na cabeça facciosa e ciosa e passenta deles.

Cavaco e Passos não têm mais nem menos respeito pelo Povo, pela puta da Constituição ou pelo caralho do Regime construído ou desconstruído nas três últimas décadas. Isso é uma cantiga de embalar. Conviria era levar ao cepo e responsabilizar os grandes, os intocáveis, os supremos chupadores e assinadores de contratos ad saecula saeculorum que tão profundamente nos encalacram: essa é uma obra emaranhada, enquistada, por governantes incompetentes, desonestos e covardes, como Sócrates, como Manuela Ferreira Leite, cada um à sua escala, e por intelectuais cata-ventistas e inconsequentistas como Pacheco, Sousa Tavares, os quais perseguem o nosso busílis como o cão sarnento a própria cauda antes de se deitar no mesmo sítio.

Não há, para Portugal outra via senão o que Washinton, isto é, Bruxelas [Berlim] determina e prescreve para nós, por mais selvático que se nos afigure e o seja de facto, osso da nossa carne. A única vergonha no País, e a única tragédia, é a moleza e indiferença de quem prefere abstrair-se no FarmVille, deixando a realidade para outros e consentindo a sementeira de merda que o passado político recente preparou para todos nós. Será assim e até pior, se nos descabelarmos, enquanto a Europa não acordar e não mudar o rumo suicidário que nos rege.

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