CONTRA DUAS FORMAS DE MORFINIZAR PORTUGAL

Dificuldades, sacrifícios, austeridade, quem os sente na carne sou eu e são aqueles que eu vejo pela cidade. Há um limite para o discurso realista, para o anúncio da dor futura, que anestesiam, bloqueiam, morfinizam a nossa paralisia, tal como havia um para a charla escapista, morfinizadora da nossa lucidez, praticada no passado, a mais conveniente quando se estava a burlar largo um Estado e a preparar uma saída airosa para o exílio dourado. Hoje é hoje. Passos deveria complementar o seu realismo consonântico com a má maré Europeia mediante qualquer coisa de mobilizador, especificamente mobilizador de portugueses para portugueses, onde quer que estejam no mundo. Fé em Portugal, confiança nos portugueses e uma linha de retórica positivamente mobilizadora poderiam fazer a diferença. Afinal, o que é que tolhe o Governo Passos?! O fanatismo liberalizador como resposta única?! É pena. Só com um sorriso nos lábios venderemos mais presuntos aos chineses e mais vinho, gastronomia e turismo de altíssima qualidade, enquanto passamos fome. Falta sal e ousadia a Passos, onde havia demasiada parlapatice e fantasia suicidária no filho da puta parisiense. Mobilizar-nos com a verdade e para além dela é algo de que o excelente jornalista económico Pedro Santos Guerreiro parece ser capaz e de que o excepcional Rui Moreira também parece ser capaz e de que mesmo o penetrante Luís Nazaré, pecado de apoiar o labrego de Paris à parte, com certeza é capaz. Chega de choradinho e fatalidade, Passos Coelho. Mobiliza-nos. Se não souberes como se faz, aprende com quem o faz bem: o Pedro, o Rui, o Luís. E não estou a brincar.  

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