TAIS OS GREGOS, ASSIM OS PORTUGUESES

Kostas Vaxevanis
Dois Países, duas elites político-económicas incapazes e profundamente corrompidas. Dois destinos talvez inescapáveis: sempre a cair de si mesmos abaixo, coisa só possível devido a uma sociedade profundamente desigual, com o topo ávido, egocêntrico, sociedade cindida entre os que se bem aviaram e os que de todo se desataviam, enganados por cantos de sereia. A ser verdade que o jornalista grego detido este Domingo o foi por ter revelado os nomes de uma lista de cidadãos gregos com contas bancárias na Suíça, quanto mais se reprime a verdade, a denúncia dos excessos devoristas dessa elite política que se fecha em copas e segrega os seus Passos, os seus Sócrates, mais e redobrado escândalo. Há nas nossas realidades grega e portuguesa, qualquer coisa de mortífero que se engendra, fervilha, e um dia levará, ou não, o bom e o mau numa mesma enxurrada. Ao que parece, esse jornalista, Kostas Vaxevanis, vai ser presente ao procurador de Atenas. Porquê? Por ter revelado os 2059 nomes de uma gorda lista de cevados do Regime Grego, entregue ao mesmo Governo grego, versão 2010, por Christine Lagarde, na altura ministra das Finanças de França. O anúncio de que o gabinete de procurador de Atenas ordenou um inquérito à publicação da lista pela revista "HotDoc" indignou muitos gregos e deu origem a inúmeros comentários nas redes sociais: "Em vez de prenderem os ladrões e os ministros que violam a lei, querem prender a verdade", escreveu o jornalista na sua conta no Twitter. Não diríamos outra coisa, caso uma bomba semelhante nos estalasse nos nossos media, atulhados com a ponderosa questão Relvas. A lista faz parte de um conjunto de documentos revelado por um funcionário do banco HSBC na Suíça. George Papaconstantinou, ministro das Finanças grego à época, disse na Quarta-feira passada no Parlamento não saber o que aconteceu ao original da “Lista Lagarde”. No mesmo dia, o actual ministro das Finanças, Yannis Stournaras, disse ter pedido a França que envie uma cópia. Note-se que o Governo de coligação grego saído das eleições de Junho começou por afastar a possibilidade de agir judicialmente contra as pessoas que constam da lista, por evasão fiscal, alegando que ela foi obtida ilegalmente, o que convoca todo um argumentário familiar por cá, arrolado pelos Filhos da Puta fautores da dívida portuguesa à fartazana, pelos Valupi UltraUltra-Socratistas, pelos Marinho e Pinto UpaUpaSocratistas, pelos Proença de Caralho que só defendem Abichadores de Milhões, pelos Júdice, quando os Júdice tinham cara para aparecer a defender qualquer merda, como ainda se presta, coitado, por exemplo, Miguel Sousa Tavares, que não abre mão por nada de santificar e beatificar e incensar o excelso e preclaro parisiense. Cá-Portugal e lá-Grécia, portanto, a mesmíssima lógica de merda das «escutas ilegais» é dita e redita pelas referidas trombetas do Regime, a fim de contestar, debelando-os, os espinhos-problemas-pedra de tropeço no caminho a tingir de sujo percursos políticos impantes, imaculados, de enriquecimento por acúmulo de comissões, como se desenhava o percurso político de Sócrates, se não fosse António Balbino Caldeira, ou mais ou menos o de Passos-Relvas, se não fosse o jornalista Cerejo e quem escarafunchou os favores que os pariram. Os gregos indignam-se. Nós indignamo-nos. Mas é igual a nada. Dá em nada. Os Governos e os Ministérios Públicos dos dois Países, primeiramente, tentam não avançar contra os detentores ilícitos de Dinheiro Greco-Suíço, Evasivos Fiscais MegaMilionários. Depois dizem que avançam, mas só o fazem sob a pressão das ruas, isto é, recuam de não proceder em conformidade com o escândalo. No fim, o não-encobrimento do caso passa a arrastamento do caso. Na Grécia, tal como em Portugal, aí está uma matéria para uma década inócua. Ou mais. Se não formos nós a trocar de Regime e de Bonecos dele, será o próximo terramoto na Capital a fazer-nos o favor. Não se aguenta o fedor nauseabundo a faz-de-conta greco-português! 

Comments

José Domingos said…
A esquerda dá-se mal com a verdade, e o sistema, tipo comité central, age logo.
O governo da altura fosse de direita, cantava-se hossanas á liberdade de expressão, como era um governo socialista, este individuo é um reacionário, se calhar até um fassista.
Estranho, lembrei-me do livreiro Pedro Varela.........

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