BERTA E A FACADA

Uma das coisas que mais me surpreendeu na campanha de Berta Cabral foi uma certa facada a sangue frio dada ao pobre Passos, visto como uma espécie de proscrito dos interesses do partido e da própria Campanha do PSD Açores, indesejado como a peste. Até que ponto se tolera a deseleitoralização da Política de um Governo?! Em Portugal ninguém estava habituado, mas tal revolução pode ser copernicana. Trata-se este de um Governo sem paleio justificativo. Sem barragem de fogo defensivo. Completamente indefeso num emaranhado tecnocrata bem intrincado. Tão indefeso no que tem de fazer, tão exposto no jogo pelo seguro com a Toyka, que está só. Só, como uma mãe solteira. Só, como uma mulher que faz mil vezes as contas com os trocos que o mês consente. Só, como a empregada doméstica que todos os dias vai limpar a merda dos patrões, sujadores inveterados e negligentes, vai e vem, absolutamente mal paga e absolutamente dependente de esse ir e vir. Se não limpar, não recebe. Se não fizermos o que nos incumbe, ficamos mal vistos externamente. Se ficarmos mal vistos externamente, tudo se nos piora. Ficar mal vistos externamente é depois andar de pacote em pacote, como os Gregos, mestres a engonhar. O PSD de Berta subiu nas últimas eleições, mas perdeu. Berta perdeu, mas também aprendeu. Deve ter aprendido. Fica muito mal escarrar numa não pronta a afagar-nos.

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