TUDO O QUE PENSO SOBRE PAULO PORTAS

«Uma coisa é podermos morrer da cura, outra é não escaparmos da doença. Deveria ser escusado repetir: quem discorda da presente austeridade tem, em nome dos padrões mínimos de sensatez, de sugerir a austeridade alternativa que prefere. Presumir uma regeneração sem dor é um exercício de demência ou de demagogia, naturais na extrema-esquerda e em certo PS, porém um nadinha perigosos quando praticados por um dos partidos que, se o termo não for excessivo, governa isto. Através de sugestões explícitas ou dissimuladas, Paulo Portas mostra não gostar do Orçamento proposto ou da impopularidade do Orçamento proposto. A maçada é Paulo Portas não mostrar, frontal ou sorrateiramente, o tipo de Orçamento que mereceria a sua bênção. É facto que o líder do CDS mandou espalhar pela imprensa a sua exigência de "cortes" na despesa. É pena tratar-se do mesmo sujeito que recentemente se opôs à privatização da RTP em nome do "interesse nacional", dos emigrantes ou de alguma entidade assim bela e fátua. E que presumivelmente se oporia a qualquer reforma mais profunda, vasta e necessária. Paulo Portas tentou, e em parte conseguiu, pairar pelo poder sem pagar os seus custos. Agora tenta escapar-se dele sem sofrer as consequências. Duvido que o consiga, e o recente comunicado em que professa imoderado amor à estabilidade política e garante melhorias improváveis no OE já insinua relativa noção da trapalhada em que se meteu. Pedro Passos Coelho garantiu que o Governo não está para cair, frase que, se atendermos à capacidade premonitória do primeiro-ministro, prenuncia a queda do Governo para breve, curiosamente não por reivindicação da "rua" mas por conspiração do parceiro de aliança. Esperemos que não. Apesar de tudo, os reveses actuais não passam de uma brincadeira se comparados com o caos que adviria de uma sucessão de eleições ao estilo grego. Por incrível que pareça, o fim deste desgraçado Governo arrisca-se a constituir uma desgraça para o país e, até prova em contrário, para Paulo Portas. Esperemos que o segundo argumento o converta ao juízo, visto que o primeiro lhe é indiferente.» Alberto Gonçalves

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