UM ÚLTIMO ACTO DE OBEDIÊNCIA À ALEMANHA

Antes que sejamos a Grécia ou passemos por piores que a Grécia,
obedeçamos, pagando, a quem pode.
Acto de obediência simbólica que tem de valer o nosso destino no Euro e a libertação dos juros insuportáveis. Durante os Governos de Sócrates, esgotaram-se os nomes feios para chamar a esses chulos, ladrões e charlatões que passavam por governantes, esgotaram-se as piores analogias e metáforas para ilustrar as suas acções circenses. Ainda ontem desabafava ao jantar o imperdoável que é para mim ter visto o Filho da Puta todos os dias, todos, todos, todos, no púlpito das TV, a vender Banha da Cobra, a dourar a Pílula da Realidade, quando, por detrás dessa Fachada, o que se fazia era uma montanha de negócios, de financiamentos, os quais, porque atirados para os anos seguintes, nos hipotecavam, embora não se notasse então. Onde está uma prisão para isto? Hoje, dado o desaparecimento desses agentes merdeiros de caos e tragédia risonha e optimista, temos como bombo da festa os tristes incumbentes Passos/Gaspar, gente aliás que governa sem olhos postos na próxima refrega eleitoral e que pisam, menos Portas que fantasmagoriza já as facadas por um Segundo Resgate, o arame de todos os equilibrismos da nossa sobrevivência. Essa sobrevivência, goste-se ou não, passa por um acto de obediência e cumprimento escrupuloso da palavra dada por três partidos, dois deles, PS e CDS-PP já completamente permeáveis aos ventos e clamor da tibieza regimental. E eu, que sempre olhei com esperança para o CDS-PP e sempre apoiei a sua linha, especialmente nos anos socratistas, devo confessar a minha desilusão completa: um partido minoritário numa coligação não pode fazer o papel de víbora nem pode tergiversar, nem pode fender a tarefa, ainda que suicidária, de nos libertarmos da dívida e cumprirmos o défice até ordem em contrário, até ordem para relaxar. Nunca pensei que, de todos os partidos do Regime, o CDS-PP cedesse ao Bafio das Rendas e Privilégios só para Partidos e ex-incumbentes deles, só para os donos disto-Regime em vigor. Infelizmente, a memória colectiva é imediatista e de curtíssimo prazo: parte dos que estrebucham só agora nos jornais e só agora nos blogues contra este Governo, contra um Orçamento Draconiano e Drástico, na verdade um Orçamento de Guerra, sem veleidades, andaram a coçar a micose quando governar era um processo de saque e de desastre, Cadáver Adiado a Procriar Tragédia para Todos. A catástrofe de Portugal começou no tempo dos PEC dos Governos Criminosos do Conveniente Exilado Sócrates: a parede já existia desde Guterres, mas o gesto supremo desses últimos Governos foi acelerar, explorar, exponenciar o movimento inexorável de bater nela. A avalanche das actuais e próximas desgraças começou aí: o Regime que pariu os Soares, que pariu os Guterres, os Barroso, os Santana, os Cavaco, os diabo que os leve, que pariu esta elite que hoje forceja prolongar-se à custa da morte de um Governo em Tempos de Aflição, esse Regime, essa Elite Política de Arranjistas, são uma merda! O Orçamento é só uma fatalidade semeada há quinze anos. Cumpri-lo, tentar cumpri-lo, pode ser fatal, mas é a única mensagem que nos resta enviar, mensagem exemplar para o Euro e para Berlim, antes que as políticas do BCE e da Comissão Europeia inflictam, uma vez que o próprio FMI dá mostras de amolecer. Nunca se diga é que não fizemos a nossa parte.

Comments

Anonymous said…
Ter, e estar, errado, dói, não dói...
José Domingos said…
Todos eles, assassinaram Portugal, este "governo, limita-se, a fazer o enterro.
Grego said…
Segundo António Borges, o que esta a ser feito é tirado "a papel químico" do plano Soares/F.M.I. em 83/85. Então? O primeiro continua dez anos à frente do seu tempo, ou o segundo era afinal, à sua época, um visionário?
Não admira que os políticos sejam incoerentes e hipócritas!
Anonymous said…
Continuo a achar piada aos Portuguese que ainda não conseguem ver a realidade actual. De facto não é por se provocar uma maior contração na economia nacional que o país vai sair do buraco que este governo tem vindo a cavar. Tenho pena que os tachos continuem, e que numa época em que é pedido ao povo que aperte o cinto, se alarguem as calças a todos aqueles que por cor partidária assumem cargos na administração pública e que ao contrário dos restantes Portugueses vejam os seu salários aumentar. É triste ver que perdura a raiz do mal e que toda a gente está demasiado ocupada a olhar para o seu problema orçamental para ver o mal maior, ou seja que mesmo neste aperto a corrupção e o favorecimento continuam e que a austeridade é só para quem não está diretamente ligado a um partido politico ...

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