IMPOSTURA E CONSPIRAÇÃO

A 5.ª avaliação do Programa de Assistência Financeira, segundo a leitura indignadíssima do Partido Socialista, não parece ter tido do lado do Governo uma atitude ou iniciativa proactivas no sentido de propor uma adequação do calendário das metas orçamentais previstas para este ano e para os anos seguintes. Segundo esse partido ainda, o Governo não mexe uma palha para que a nossa coroa de espinhos fiscal de algum modo se suavize, com mais tempo e mais dinheiro. Portanto, o Governo de Portugal não defende Portugal. O Partido Socialista, sim, defende um segundo resgate o mais depressa possível, coisa mais patriótica não pode haver. Salvaguardar os Portugueses? Isso é com a Comissão Europeia. A obediência compensa? O suposto ajoelhar de Passos a Merkel supõe torrões de açúcar ou outros prémios? Há um trabalho que está a ser feito no sentido de não beliscar os ganhos de prestígio e credibilidade externos do Estado Português e isso passa por não pronunciar palavras ou ter gestos que instituam desconfiança. Não cumpre ao Governo Português exprimir um desejo de flexibilização das metas. Pode ser um desejo, uma necessidade imperiosa, mas não pode ser expresso, muito menos publicamente. Caberá, sim, à Troyka reconhecer que Portugal está a cumprir. Perante o jogo que os Governos do passado perpetraram do empurra contas e facturas para os anos seguintes, no colo do Governo Passos caem surpresas e armadilhas para além da mais pachorrenta paciência. Vêm de trás, do tempo em que Pedro Silva Pereira e José Sócrates não tinham mãos a medir nos negócios da Parque Escolar, das PPP Rodoviárias e da Saúde. Hoje, a revisão das metas orçamentais é indispensável também por causa do serviço da dívida. Cumprir é, portanto, fazer o que está no Memorando e debelar o problema dos juros e dos pagamentos supervenientes contratados nos anos anteriores. Apesar de todos os sacrifícios pedidos aos portugueses, o Estado Português está armadilhado de dívidas, desordens, compromissos, pagamentos, além da Troyka. Conseguir cumprir as metas do défice em 2012 e para 2013 nunca seria fácil. Fácil foi deixar para trás toda a espécie de entorses e presentes envenenados. O Regime Português falhou. A impunidade consentida a Governos sucessivos determina o risco de falhanço natural do Governo Passos e mesmo de qualquer outro Governo tirado com um gancho do ânus regimental. Está tudo ligado. O caos que vem do passado determina a revisão do calendário inscrito no Memorando inicial, caos de que a Merkel não tem culpa absolutamente nenhuma. O interesse nacional não pode ser defendido agora, só agora, tendo sido trucidado ano após ano, após ano, coisa, por acaso monstruosa, de que o Partido Socialista não se retracta.

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