2009, ANO DO PCP: ANDOR COM PS!


Ainda que a maior parte do eleitorado de esquerda e do centro não seja do PCP e em princípio não esteja habituado à ideia de nele votar, é imperioso compreender que trinta e quatro anos de rodízio clientelar PS/PSD, redundaram em perversões sucessivas da vida económica e política nacionais e numa degradação ética galopante, evidentíssima na promiscuidade da política com a finança, da política com a justiça. Se querem chamar reformas à reversão exclusivista dos lucros e dos ganhos para a parte mais ínfima dos portugueses, chamem refinamento do furto, empobrecimento geral. Mas não reforma. O PCP não é papão. Fortalecê-lo é enviar uma mensagem decisiva às orientações desalmadas que medularam a governação recente por um regresso geral ao passado distante das migalhas, das misérias e das carências. 2009 pode e deve ser, por isso mesmo, o ano do PCP, mas não do estalinismo subtil de ASS, mas não do acumulativismo de cargos que mora na família PS, em Lello e em Vitalino; mas não da conversa de chacha dos chamados 'liberais' e 'neoliberais', esses afinal que o Miguel muito bem define na posta e nos excertos que dela se transcrevem a seguir, embora dilua o lado socratino que não é evidentemente causa de uma cultura e de um estado limitado de espírito, mas representa indiscutivelmente o pólo agudizador de um complexo fascizante, dependentóide de um Duce, o pólo agudizador de esse proteccionismo e amiguismo pseudo-liberal levado por ele, aliás, a um inusitado extremo, pólo agudizador de um grave problema de decisão, de verdade, de multilateralismo, factores decisivos que se constituem hoje na energia locomotora do progresso económico e da afirmação nacional como movimento agregador dos cidadãos e não deles desmobilizador: «É estranho, pois, que os nossos capitalistas, agora tão euro-dependentes como outrora Estado-dependentes, se reivindiquem de um pensamento liberal que nunca vingou, pois a empresários destes sempre foi necessária a muleta do proteccionismo, do monopólio e do amiguismo que ganha concursos, que sufoca a competição e perpetua o medo dos pequenos em avançarem para o terreno do mercado. O pequeno, logo que reune meia dúzia de cobres, ora faz uma casa, ora abre um café ou uma retrosaria; tudo coisas importantes. Quando se fizer uma história do empresarialismo português afundar-se-ão todas as pequenas e grandes mentiras sobre o tão propalado como inexistente "capitalismo em Portugal". [...] Agora, a crise já não é só crise: é coisa para ficar para muitas décadas. Alguém responde por isso? O causador desta coisa sem saída é só Sócrates? Onde estão os "jovens agricultores", os "jovens empresários", os mangas arregaçadas que viveram todo este tempo dos milhões dados por um regime que seguiu com canina fidelidade as más lições do passado? Onde estão os magos do economês, do marketinguês, do gestanês e toda essa geringonça de artifícios que não gerou uma marca, uma empresa reconhecida internacionalmente, um grande banco, uns reles ténis ou até uma descascadora de batatas made in Portugal? A culpa é só de Sócrates? Não, não é. É um estado de espírito. Leio que os gregos conseguiram comprar aos cubanos o segredo da confecção dos puros Havanos e passam a maiores produtores do mundo do cobiçado charuto milionário. É assim. O verdadeiro espírito capitalista não é parasitário, apela ao atrevimento. Mas dizê-lo aos nossos liberais é coisa tão estranha como explicar a um bosquímano que a garrafa de Coca Cola é apenas uma garrafa!» Há por isso razões para o eleitorado colocar suficiente pressão às chamadas reformas unívocas que um certo PSD sonso, sornamente aplaude e que um certo PS-governamental assanhado converte em desastre e injustiça. Pressão sobre estes partidos que capturaram e esmagaram a democracia. Como? Votando PCP, BE, PP, votando nos novos partidos, em todos os partidos, menos no vicioso e viciado Centrão. Como? Dispersando o voto, evitando abstenções que só premeiam os partidos habituais, devoristas, tirânicos e desastrosos, quando no governo, procurar que a estabilidade e a governabilidade sejam um exercício criativo, mobilizador, com atrito, e não uma lógica macia que se limita a agradar a um empresariado irresponsável, a imitá-lo nessa irresponsabilidade com os seus lucros, dada a insensibilidade social como paradigma a alojar-se nas governações por décadas até ao advento da actual crise. Se me vierem dizer que nem todos podem ser Nabeiros, eu digo-lhes que, caso sejam empresários, lhes cabe seguir os melhores exemplos de socialização exigente do lucro, como ele faz porque é um ser humano de excelência, caso contrário, no conjunto nacional, tudo se desunirá e colapsará: «O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, exigiu hoje, em Glória do Ribatejo, que a nomeação do Provedor de Justiça deixe de ser “uma coutada do Bloco Central” e passe a caber a “todas as forças na Assembleia da República”.Bernardino Soares falava no final do almoço comemorativo dos 88 anos do PCP e de apresentação do cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, que se realizou hoje na Casa do Povo de Glória do Ribatejo.»

Comments

Anonymous said…
Nem mais!!

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