CAVACO ENCAVACA GOVERNO
Interessa um Presidente da República que se revele Opinião Vigilante, com valor acrescentado e dissonâncias criativas em relação ao caminho abafatório de toda e qualquer contestação, diktat absoluto, autista e erróneo, que o PS-governo tanto promove, tique perigosíssimo caracterizado por António Barreto com fina perspicácia: «Ao contrário do que se poderia esperar, o regime democrático, em vez de se abrir, de se mostrar mais ágil e de se aproximar dos cidadãos, fecha-se sobre si próprio. Os partidos receiam cada vez mais a sociedade. Ligam-se a grupos económicos que lhes prometem obras e investimentos, mas afastam-se dos cidadãos. Apreciam quem depende de si. Gostam dos áulicos. Comovem-se com os caninos e os rastejantes. Mas temem os homens livres.». A fortíssima chamada de atenção hoje de Cavaco ao tipo de critérios a presidir à estratégia governamental de 'investimento público' faz evocar as súplicas que vários cidadãos livres têm feito directamente ao Presidente, das quais destaco as de José Maria Martins por sintomatizarem o profundo e gravíssimo mal-estar que vara a sociedade portuguesa perante comportamentos, omissões e sinais preocupantes de deterioração social, de abismo criminal, de perda de respeitabilidade dos nossos representantes democraticamente eleitos, mas seguindo uma agenda que privilegia interesses particulares em detrimento do real interesse dos cidadãos; a corrupção, o compadrio, o tráfico de influências, a má gestão da coisa pública, a falta de qualidade, saber e sensibilidade dos governantes, quase exclusivos responsáveis pelo atraso endémico português, exigem do Presidente, além da rectidão, a coragem de uma palavra que alerte os portugueses e afronte essa espécie de monismo governamental que sufoca as liberdades e minimiza as opiniões divergentes: «O Presidente da República, Cavaco Silva, alertou hoje para a necessidade de em Portugal se tomarem "decisões acertadas quanto a custos e benefícios", considerando que "numa estrada sem trânsito o benefício é zero"."Em Portugal ainda se confunde custos com benefícios. Uma estrada é toda ela custos. O benefício é o trânsito que passará nela. Se não houver trânsito, não há benefício, é zero. O investimento de um empresário é custo, o benefício é a sua produção. Se não produzir nada, não ganha", disse. Cavaco Silva, que falava na inauguração do Museu Municipal de Penafiel, alertou porém que "isto não quer dizer que alguns não ganhem"."Se uma fábrica não produzir, há um que ganha, o empreiteiro, e um que perde, o dono da fábrica. Se uma estrada não tiver trânsito, há um que ganha, o empreiteiro, e há um que perde, o português que paga impostos", acrescentou. O Presidente da República defendeu "decisões ponderadas para que do dinheiro dos contribuintes saia mais benefício do que custo".»
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