GATILHO LEVE SUL-AMERICANO?


Os contornos de esta morte absolutamente estúpida e lamentável em Oeiras levam-nos a pensar que a época quente criminal possivelmente se antecipará e virá em peso. O Agosto Sangrento que tivemos em 2008 bateu todos os recordes num País brando e habituado a níveis de segurança muito bons. A verdade é que mortes estúpidas associadas a assaltos são coisa um pouco rara entre a 'ética criminal' portuguesa. Intuitivamente, somos levados a pensar que o gatilho leve é um fenómeno muito pouco português e bem mais sul-americano ou dos países do leste profundo europeu, infelizmente. Claro que mexer no paradigma económico, o crime de colarinho branco impune e compensador, acentuar-se o desemprego, ver-se a imoralidade rendosa e perfeitamente anónima de bancários ladrões e corruptos, ver-se o desespero e encurralamento de indivíduos, de famílias inteiras — tudo isso augura o pior para Portugal. Poderemos pensar que uma criminalidade de origem e mecanismos estrangeiros a actuar em Portugal interage e compete com uma criminalidade de perfil português estrito — tais sub-culturas influenciam-se e interpentram-se. De esse fenómeno devem estar bem cientes as polícias e capazes de antecipar muitas das suas manifestações. O Crime regressa intenso, preparatório, nervoso, talvez disposto a muito menos riscos, mais mortes e mais sangue: «Um homem de 61 anos foi assassinado quando saía de uma estação de correios em Oeiras, por pelo menos dois indivíduos que se preparavam para assaltar o local, que fica situado no Centro Comercial Nova Oeiras. Os disparos ocorreram por volta das 15h20. Segundo um comerciante, que ouviu os disparos, pelo menos dois indivíduos preparavam-se para assaltar a estação quando o homem saiu do edifício. O homem tinha roupas escuras e, alegadamente, foi confundido por um agente da polícia pelos assaltantes, que fugiram depois dos disparos. A Polícia de Segurança Pública confirmou ao PÚBLICO a morte do indivíduo, mas não adiantou mais detalhes. O posto de correios fica na Alameda Conde Nova Oeiras. [...] “Só ouvi um barulho e uma pessoa a queixar-se 'ai’, 'ai’”, contou ao PÚBLICO uma empregada de um estabelecimento não muito longe da estação dos CTT de Santo António, no antigo centro comercial de Nova Oeiras. A mesma fonte adiantou que, de início, não estranhou o alarido porque nas proximidades existe um centro de apoio a crianças deficientes, que às vezes se manifestam de forma mais expressiva. Mas, pouco depois, acabou por assomar à porta ao constatar que “ficou um silêncio profundo”: “Foi quando vi o senhor sentado no chão, cheio de sangue”.»

Comments

Anonymous said…
PNR é a solução
Quaisquer medidas radicais só reacenderão as chamas escondidas nos corações do homem delinquente.. O pobre sexagenário estava à hora errada, no local errado.. É triste,mas infelizmente não foi o primeiro caso, nem será o último. Tantos exemplos que não adquirem este carácter mediático, de homicidios, violações, suicídios e outros comportamentos similares nunca saem sequer do vazio onde ocorrem..

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