BENTO XVI EVOCA MENINAS ESMAGADAS

Em contraste com as minudências desalinhadas ou raivosas de Bispo Torgal ou de um Miguel Sousa Tavares, o Papa encanta Angola. Em matéria de papado e igreja, superficial e manifestamente solipsista, muitíssimo mais raso que o espírito grande de sua mãe, de MST espera-se, pelo menos, que continue um óptimo defensor de causas 'nobres' como o tabaco ou a depreciação por atacado da docência; espera-se de ele um denunciador de estercos urbanos, como a Nova Alcântara. Não se pode falhar em tudo nem acertar sempre. Mas no que respeita a pronunciamentos sobre a Igreja, sobre este Papa, MST é mais um capturado pela cultura dominante, na qual ser superficial e julgador do livro pela capa valores supremos. É o tempo de a cada cabeça a sua Igreja. E a Igreja que está na cabeça de Sousa Tavares e de Torgal será muito boa para eles, mas dispensa-se: enquanto fenómeno de massas, a Igreja não se dilui na massa nem está destinada aos triunfalismos cristandeiros do Ocidente. Serve para levedar minoritariamente mas sem descanso as sociedades. Tarefa de gerações. Com muito sangue derramado, muito sacrifício abnegado, muita perseguição e muita mais incorrecção política. Na do que é humano, infortúnio nenhum, nenhuma morte, cai fora da força intercessora da Igreja: «Bento XVI celebrou hoje uma missa campal, em Luanda, perante mais de um milhão de pessoas, evocando a memória das duas raparigas que morreram ontem, esmagadas pela multidão, quando as portas do Estádio dos Coqueiros se abriu para a cerimónia que dedicada aos jovens na capital angolana. O Papa regressa amanhã a Roma.“Confiamos que Jesus as receberá no seu reino e expresso aqui a minha solidariedade com as famílias e amigos e a minha profunda dor pelo facto destas raparigas terem morrido porque vinham ver-me”, disse o Papa sobre a tragédia de ontem, que fez ainda um número ainda não confirmado de feridos, talvez mais de 40.» Querem estes MST e Torgal, por força, que Ela, a Igreja, perca o sal milenar e se banalize com um discurso correcto sanitário e farmacêutico sobre a ração pronta a usar do preservativo. Querem, com as suas psiques minúsculas perante o Lato Corpo Místico, sugerir marketing e melhores desempenhos propagandísticos, como se Ela fosse meramente um empreendimento autotélico e não um serviço extensivo e intensivo de vidas dadas, mediador de Outra Coisa. Escapa-lhes o Mistério e a Força que A conduz, que não dispensa ninguém, mas não é propriamente uma soma de pareceres subjectivos e democráticos. Faz-se de vivências subjectivas mergulhadas e sempre por mergulhar na Seiva Vital do Evangelho.