OBAMA'S TOWN-HALL MEETING


E entre nós, quando chegará o urgente choque transparenteológico? Compreende-se perfeitamente por que motivo não chegou nem chegará tão cedo a Portugal a transparência e o respeito absoluto pelo jornalista e pelo cidadão, na sua liberdade e obrigação imperiosas de perguntar, em momentos próprios para o efeito, mas também de acordo com as novas oportunidades e possibilidades tecnológicas. Em pleno triunfo dos blogues cívicos, de grande penetração opinativa e interesse por parte de uma margem crescente de leitores, e ainda maior implantação das demais plataformas sociais interactivas por meio das quais os seres humanos se encontram e procuram, juntos, escutando-se activamente, resolver toda a espécie de problemas, há razões para os políticos portugueses governarem como se não houvesse senão um povo de paspalhos que engolem tudo o que querem que engulam: mentiras, imprecisões, inexactidões, más decisões, más políticas. Preferem assim. É-lhes preferível a distância. É-lhes conveniente o abismo entre eleitos e eleitores. E, no entanto, não faltam bons exemplos provindos do Presidente Obama. Além da sua pressão sobre os bónus obscenos dos onze CEOs demissionários da AIG, e não só, além da indignação de que o Presidente soube dar conta de esses factos, em sintonia com a esmagadora maioria dos norte-americanos, faz-se próximo e acessível das pessoas e é levada em conta formas DIRECTAS de aferir o que pensam realmente os cidadãos, coisa da qual por cá se foge como o Diabo da Cruz porque este exercício directo da Democracia certamente aterrorizaria os interesses pré-determinados dos políticos-tamboril PS que por cá ainda medram. Espírito de serviço, diálogo e transparência. Os antípodas do regime sul-americano que por cá, no Portugal ultradesigual e ultraliberal, se ensaia: «O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estreou ontem um novo formato para comunicar directamente com a população americana, respondendo num town-hall meeting interactivo às questões dos internautas sobre a situação económica do país. Não foi a primeira vez que um Presidente respondeu a perguntas num fórum da internet (Bill Clinton e George W. Bush já tinham ensaiado o modelo), mas foi a primeira vez que o evento decorreu ao vivo e em tempo real e foi transmitido directamente no site da Casa Branca. De “comunicador-em-chefe” até director de vendas, os mais variados qualifiativos têm vindo a ser utilizados para descrever a preponderância que o Presidente Barack Obama têm assumido na explicação das políticas desenhadas pela sua Administração. Cerca de 93 mil pessoas enviaram um total de 104.127 perguntas para o site da Casa Branca, e 3.606.829 votos decidiram aquelas a que o Presidente respondeu. Obama só teve tempo para responder a uma dezena delas: sobre os planos para a educação secundária e superior, sobre a perda de empregos para o estrangeiro, sobre a importância dos professores e dos enfermeiros, sobre as ajudas ao sector automóvel e sobre a legalização da marijuana. “Não sei o que isto diz sobre as pessoas que andam online, mas esta foi das perguntas mais populares”, brincou o Presidente. E não, retorquiu, não considerava que a legalização da marijuana fosse uma boa medida para promover o crescimento económico dos Estados Unidos.»

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